Explosão cósmica revela o objeto mais distante no universo?

10/04/2012 00:00 Atualizado: 06/08/2013 19:48

Uma imagem colorida feita do Observatório Gemini do fulgor do GRB 090429B, um candidato ao objeto mais distante do universo. Esta imagem “izH” foi construída a partir de três imagens capturadas com o telescópio do Observatório Gemini do Norte através de diferentes filtros ópticos e infravermelhos. A cor vermelha resulta da ausência de toda luz óptica, absorvida pelo gás hidrogênio no universo distante. Sem a absorção, a cor radiante seria mais azul do que qualquer das galáxias e estrelas vistas aqui. A posição do brilho está indicada. (NASA/Gemini/Levan, Tanvir, Cucchiara, Fox)

A irradiação de raios gama chamada de GRB 090429B, descoberta pelo satélite Swift da NASA em abril de 2009, pode ser o objeto mais distante no universo, de acordo com novas descobertas publicadas no Jornal de Astrofísica.

A explosão originou-se de uma supernova, durante uma fase muito inicial do desenvolvimento do universo de aproximadamente 520 milhões de anos de existência, quando o universo tinha menos de 4% da sua idade atual, e 10% do seu tamanho atual.

Antonio Cucchiara da Universidade de Berkeley, Califórnia, liderou a equipe de astrônomos que fez esta descoberta notável, 13,14 bilhões de anos-luz da Terra.

“A galáxia que hospedava a estrela progenitora do GRB 090429B foi realmente uma das primeiras galáxias do universo”, disse o coautor Derek Fox na Universidade Estadual da Pensilvânia, EUA.

“Além do possível recorde de distância cósmica, o GRB 090429B ilustra como irradiações de raios gama podem ser utilizadas para revelar a localização de estrelas de grande massa no início do universo e rastrear os processos de formação de galáxias jovens e estrelas que eventualmente formaram a rica galáxia do cosmos que vemos hoje ao nosso redor.”

A equipe de Cucchiara testemunhou o evento, que durou menos de 10 segundos, enquanto realizava observações no telescópio Gemini Norte no Havaí. A energia da explosão deixou uma sutil radiação de raios-X sem qualquer traço de luz visível, mas detectável no espectro infravermelho.

Quanto mais distante no universo está um objeto que emite energia, mais avermelhada a energia se torna, ou seja, o aumento do seu comprimento de onda para o lado vermelho do espectro da luz.

Isto tomou dos cientistas dois anos de cuidadosa pesquisa para concluir se esta irradiação podia realmente ser o objeto mais distante conhecido pelo homem. Eles tiveram de coletar mais dados com o telescópio espacial Hubble.

“Como os melhores políticos ou competidores em show de talentos, quanto mais examinávamos esta irradiação, melhor ela parecia”, disse o coautor Andrew Levan da Universidade de Warwick num comunicado de imprensa.

As informações revelaram que o GRB 090429B tem uma chance de 99,3% de ser a explosão cósmica mais distante, e uma probabilidade de 23% de ser o objeto mais distante no nosso universo.

Estudar explosões antigas como estas permite que os cientistas explorem as condições em que estrelas e galáxias se formaram nos primeiros estágios do desenvolvimento do universo.

“Descobrir explosões extremamente distantes é muito divertido, mas nós suspeitamos que haja muito mais informações nas explosões esperando por nós e que ainda temos de acessar”, disse Fox.