Exibição de fotos chinesas expõe anos de propaganda meticulosa

02/11/2012 11:18 Atualizado: 02/11/2012 11:18
No topo está o original da fotoHomem Tanque” que mostra Wang Weilin bloqueando o caminho dos tanques, intitulado “Evento de Pequim”. A foto de baixo mostra a versão editada da Xinhua com massas de pessoas em ambos os lados acolhendo os tanques. (Xinhua, Ming Pao)

Uma exposição de arte fotográfica na China continental, exibindo imagens de notícias históricas que foram adulteradas pela mídia controlada pelo Estado chinês, junto com as versões originais e verdadeiras, expõem alguns fatos históricos sensíveis para o público chinês.

Uma das mais de 100 imagens na exposição recente no Museu de Arte de Guangdong em Ershadao, província de Guangzhou, é a famosa foto “Homem Tanque”. Ele retrata um homem, que seria chamado Wang Weilin, em frente a uma linha de tanques em 4 de junho de 1989, tentando bloquear seu avanço antes da sangrenta repressão na Praça da Paz Celestial (Tiananmen). A foto foi amplamente divulgada em Hong Kong e pela mídia mundial, mas foi censurada na China.

A mídia estatal Xinhua publicou sua própria versão editada, mostrando milhares de pessoas na beira da estrada que parecem receber calorosamente os tanques que se aproximam de Pequim.

A pequena foto, aparentemente sem importância, com o título “Evento de Pequim”, atraiu a atenção de muitos visitantes do museu, alguns a estudaram por um longo tempo.

Outra “obra de arte” foi um conjunto de três fotos de Hu Jintao e Deng Xiaoping apertando as mãos em 1992. A imagem original mostrava uma multidão no Grande Salão do Povo com o ex-líder Jiang Zemin entre Hu Jintao e Deng Xiaoping. Porém, o que os leitores da Xinhua viram foi uma foto com apenas Hu Jintao e Deng Xiaoping apertando as mãos.

No topo está a foto original, mostrando Hu Jintao (esquerda) e Deng Xiaoping (direita) apertando as mãos. Na foto inferior, Jiang Zemin foi editado pela Xinhua. (Xinhua, Ming Pao)

A exposição, intitulada o “4ª Exposição Trienal de Arte Invisível de Guangzhou”, ou “A Arte Invisível” abreviadamente, exibiu mais de 100 peças coletadas pelo artista Zhang Dali de Pequim ao longo dos anos, muitas delas tocando em temas politicamente sensíveis.

Ficando cara a cara com o fato e a ficção fez as pessoas pensarem e comentarem sobre a enganação a que foram submetidos pela mídia estatal por muitos anos.

O Sr. Liu, de 40 anos, que visitou a exibição com sua esposa, disse ao jornal Ming Pao de Hong Kong que ele era um estudante do ensino médio na época dos protestos da Praça Tiananmen. Ele disse que assistiu as reportagens na imprensa de Hong Kong e lembra-se dos eventos vividamente.

“A Praça da Paz Celestial estava cheia de estudantes e das tendas que eles haviam estabelecido. Então, o exército chegou e abriu fogo, o que dispersou os estudantes e esvaziou a praça.”

Referindo-se ao “Homem Tanque”, Liu disse, “O tanque tentou contorná-lo, mas ele estava irredutível e continuou na frente do tanque.”

Mas devido à censura da mídia do regime, muitas pessoas, especialmente aquelas que nasceram depois da década de 90, não sabem sobre os eventos reais na Praça Tiananmen em 4 de junho.

Depois de olhar para as fotos do “Homem Tanque”, Zhang, um estudante de 22 anos da Escola de Arte de Guangzhou, disse que ainda não sabia o que aconteceu na foto, ele só sabe que uma delas é factual e outra é forjada, disse o artigo do Ming Pao.

Uma declaração do artista Zhang Dali na página do artista no museu dizia que foi extremamente trabalhoso recuperar os originais perdidos sem a ajuda da mídia. Ele queria trazer as imagens de volta à vida e exibi-las em seu devido lugar.

Chen Wenzhe, o chefe do departamento de marketing do Museu de Arte de Guangdong, disse que o objetivo do trabalho de Zhang Dali é recuperar os fatos históricos e o conteúdo de cada obra de arte em exposição foi aprovado pelo departamento provincial de cultura.

Perguntado se ele antecipou qualquer questão que envolvesse a foto de 4 de junho, Chen Wenshe respondeu que era difícil dizer. “O artista não exagerou e nós nos concentramos apenas na arte em si”, disse ele.

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