O exército moçambicano lançou hoje (12) granadas contra uma igreja cristã, perto de Muxúnguè, centro do país, suspeitando que homens da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) se escondiam no local. Previamente, os rebeldes haviam atacado uma coluna de veículos, disseram diversas fontes locais à Agência Lusa .
Os disparos foram dirigidos ao fim da tarde contra uma igreja a três quilômetros da vila de Muxúnguè, poucos minutos após uma emboscada a uma coluna de veículos, escoltada pelos militares na estrada N1, que liga o sul e o centro de Moçambique, informaram por telefone à Lusa habitantes.
“A coluna foi atacada próximo da vila [de Muxúnguè] e o exército suspeitou que os atacantes estavam na igreja e começou a bombardear o templo”, disse um dos viajantes que integrava a coluna.
Contactado pela Lusa, José Luís, pároco de Múxunguè, confirmou ter escutado cinco ou seis explosões de granadas, enquanto meditava cerca das 17:30 (horário local), e também foi informado por habitantes que o exército iria atacar uma igreja. Mas não conseguiu precisar se o alvo era uma igreja católica.
“Existem capelas na zona do ataque, mas não sabemos se a que foi atingida é nossa ou de outra religião cristã”, afirmou.
“A vila ficou deserta em pouco tempo. Agora [cerca das 17:30 locais], os estrondos ouvem-se perto, quase não há ninguém na estrada”, descreveu Abdul Sulemane, um morador local.
Este é o terceiro ataque que ocorre quase na zona residencial da vila, uma zona pouco habitual nos confrontos resultantes da tensão político-militar que opõe há um ano o Governo e que já deixaram, nos últimos dez dias, pelo menos três militares mortos e 28 feridos, sendo 13 civis.
Há quase duas semanas, as ofensivas foram intensificadas nos arredores de Muxúnguè, onde, para movimentação de passageiros e carga, são obrigatórias escoltas militares desde abril do ano passado, quando eclodiram os primeiros confrontos.
A escalada dos ataques ressurgiu na segunda-feira (9) da semana passada, quando a Renamo suspendeu o cessar-fogo unilateral que havia decretado, em resposta ao avanço do exército na serra da Gorongosa, onde se supõe esteja refugiado o seu líder, Afonso Dhlakama.