Exercícios, nutrição e longevidade

03/04/2012 00:00 Atualizado: 03/04/2012 00:00

Quatro magos saudam o deus da longevidade, por Shang Xi, da Dinastia Ming (1368–1644), China, localizado no Museu do Palácio Nacional, Taipei. (Wikimedia)

Satchel Paige, o grande lançador do baseball americano, foi citado dizendo, “evitar correr em todos os momentos”. A maioria das pessoas parecem se exercitar menos à medida que envelhece. Até recentemente, era esperado que pessoas mais velhas “agissem de acordo com sua idade”.

Agora, todos são incentivados a fazer exercícios. A razão para se fazer exercícios está na possibilidade de aumentar a longevidade. Mas isso é apenas verdade numa perspectiva limitada, pois fazer exercícios só modifica o processo de adoecimento, especialmente de doenças cardiovasculares.

Mas não há evidências de que o exercício seja capaz de influenciar os processos fundamentais do envelhecimento ou que sirva para aumentar a longevidade.

Se você se exercita porque isso faz você se sentir bem ou porque acredita que isso pode prevenir, retardar, ou reverter os efeitos de uma doença, então certamente continue. No entanto, se você espera reverter o envelhecimento através do exercício, você deve entender que não existem dados que sugiram seu sucesso.

Cientistas descobriram que a maneira mais efetiva de diminuir o envelhecimento é a subnutrição sem desnutrição. Nem sabemos de um meio mais eficaz de adiar ou eliminar os tantos tipos de cânceres e outras doenças.

Apesar das evidências esmagadoras de que a subnutrição pode adiar a doença e prolongar a vida, poucas pessoas têm se motivado a fazer esse regime digno de um espartano. Para a maioria das pessoas, a qualidade de suas vidas é mais importante do que a quantidade.

Além disso, não se sabe ainda que efeitos cognitivos em longo prazo a restrição calórica pode causar. Muitos gerontologistas temem que alguns processos mentais possam ser prejudicados. A presente expectativa de vida humana, que se desenvolveu ao longo de vários milhões de anos, provavelmente se fez sob condições de subnutrição, ao invés de supernutrição.

“Se a Mãe Natureza não te pegar, o Pai Tempo pega.” O tempo parece passar mais rapidamente à medida que envelhecemos. Ninguém jamais demonstrou que qualquer intervenção médica, nutricional ou mudança de estilo de vida parou ou reverteu o processo de envelhecimento.

Mesmo assim, há alegações frequentes de que uma substância antienvelhecimento foi encontrada. Testar a eficiência de um composto antienvelhecimento é difícil. Nós simplesmente não sabemos quais são as causas fundamentais do envelhecimento ou o que exatamente determina a longevidade.

Porque a imortalidade e a eliminação completa do envelhecimento são ambas indesejáveis, alguns acreditam que apenas retardar o processo de envelhecimento seja o melhor. Nós ainda não sabemos como retardar o processo de envelhecimento em seres humanos, mas sabemos como aumentar a nossa expectativa de vida, eliminando ou reduzindo as causas de morte.

Esta abordagem tem sido notavelmente bem sucedida durante a maior parte deste século. No entanto, o “sucesso” vem com um grande custo.

O aumento da expectativa de vida e das taxas de natalidade resultaram num aumento explosivo da população mundial. A menos que o número de seres humanos que povoam este planeta seja reduzido logo, haverá pouco propósito em considerar a questão de retardar o processo de envelhecimento ou aumentar o tempo de vida humana. O planeta não será mais um lugar em que valha a pena viver.

Há apenas um objetivo que é prático e desejável. Que é esforçar-se para a máxima expectativa de vida humana, eliminando as causas principais de morte no presente. Não há valor para a sociedade ou para o indivíduo buscar retardar ou cessar o processo de envelhecimento ou mesmo alcançar a imortalidade.

O cenário que provoca menos preocupação é aquele em que todos os seres humanos atingem a máxima expectativa de vida, com plena capacidade mental e física, e com uma morte rápida quando nos aproximarmos de nosso aniversário de 115 anos.

Se formos bem sucedidos, nossa expectativa de vida será maior, mas vamos morrer eventualmente pelo processo básico de envelhecimento que leva ao mau funcionamento em alguns sistemas vitais necessários à vida.

Sheldon Zerden é um autor premiado. Perguntas e comentários podem ser enviados para axnoon@yahoo.com