Vasily Polenov alcançou uma expressão de cor sem precedentes
Vasily Polenov nasceu em São Petersburgo em 1844, em uma família nobre, que manteve as tradições da nobreza esclarecida. O pai de Polenov, Dmitry Vasilievich, era um famoso historiador, arqueólogo e bibliógrafo. Sua mãe, Maria Alekseevna, escrevia para crianças e apreciava a pintura.
Durante a década de 1860, Polenov estudou na Universidade de São Petersburgo, e ao mesmo tempo, na Academia de Artes. Polenov referia-se à Academia de Artes como seu lar espiritual. Depois de ter se apaixonado pela natureza em sua mais tenra infância e ser amante de histórias bíblicas, o pintor viajou extensivamente, retratando em suas obras as paisagens da França, Itália, Palestina, Egito, Síria, Grécia, entre outros países.
Em 1881, Polenov começou a trabalhar na pintura “Cristo e o pecador”, que tomou completamente o pintor durante os seis anos seguintes. A fim de criar um ambiente historicamente exato, em que os eventos estivessem relacionados com a vida e a obra de Cristo, Polenov viajou pelos países do Oriente Médio em 1881-1882. Ele criou muitos esboços, investigando o caráter do ambiente e seus tipos de habitantes, bem como os restos arquitetônicos em relação aos arredores.
Polenov trabalhava com tintas limpas, nunca as misturava na paleta, mas encontrava combinações de cores exatas diretamente na tela, chegando a uma expressão de cores sem precedentes na arte russa da época.
Durante o inverno de 1883-1884, Polenov viveu em Roma, pintando Judeus Romanos e desenvolvendo esboços. Em 1885, o pintor passou um tempo em uma mansão nos arredores de Podolsky, Moscou Oblast. Demorou 15 anos desde os primeiros esboços até a conclusão da pintura.
Polenov gastou bastante tempo e esforço no estudo da paisagem, arquitetura e vestimenta palestinas, a fim de criar um ambiente de máxima precisão para os eventos descritos nas escrituras evangélicas. “Cristo e o pecador” desempenha um papel central na vida criativa do pintor, e ocupa um espaço relativamente modesto na Galeria de Arte Russa como um todo.
Ao longo de sua vida inteira, Polenov foi guiado pela ideia de que as pessoas deveriam ser educadas e criadas com as artes e a beleza contida em sua harmonia.
“Cristo e o pecador” retrata uma das mais famosas histórias da Bíblia, “Cristo e a Mulher Apanhada em Adultério”, em que os escribas e fariseus arrastam uma mulher adúltera a Jesus, dizendo que a lei de Moisés requer que tal pessoa seja apedrejada. Então Jesus respondeu: “Se algum de vocês estiver livre de pecados, seja ele o primeiro a atirar uma pedra contra ela.”
Atordoados pelas sábias palavras, os maridos chateados saíram um após o outro. Uma vez sozinhos, Jesus dispensou a mulher com as seguintes palavras: “Vá agora e abandone sua vida de pecados.” Esta história comove qualquer pessoa devido ao seu grande poder de compaixão e perdão. Parece que também comoveu Polenov, levando-o a dedicar uma quantidade tão grande de tempo para a pintura.
A composição da pintura é interessante na medida em que na frente se vê a condenação da multidão apontando para a mulher envergonhada, ao contrário de Jesus. Jesus é retratado sentado com um cajado na mão. É possível que, com tal arranjo, Polenov pretendesse retratar a modéstia e o semblante calmo do mestre espiritual.
Geralmente encontramos o alto e o brilhante pairando na vanguarda; ainda que o que é inerentemente vazio, tranquilo, e calmo, seja mais significativo. Tanto a pose como a face de Jesus expressa calma e compaixão para com o pecador e para com a multidão que condena. Ele sabe que as pessoas se comportam assim devido à ignorância, e que a ignorância leva ao sofrimento.
A pintura inteira está repleta com o sol quente do Oriente Médio. As paredes e o chão estão cobertos com destaques rosados. Os participantes e espectadores sentados são absorvidos pelos acontecimentos. Sozinho, Jesus está expressando, por um lado, compaixão e piedade para com o povo, e por outro lado, algo como um desprendimento espiritual inerente a um líder espiritual.
Mais informações da obra de Polenov
“Lagoa abandonada” é uma das pinturas mais famosas de Polenov. É como se a atmosfera calma e pacificadora refletisse o estado interno do pintor. O ar da pintura é fresco e revigorante. A árvore, com seus ramos amplamente distribuídos, proporciona uma sensação de segurança.
Embora possa passar desapercebida à primeira vista, uma silhueta feminina pode ser notada ao fundo. A mulher contempla a lagoa, possivelmente fazendo tricô ou lendo, sem perturbar o ambiente de silêncio e paz. A pintura convida o observador a ter um momento de tranquilidade; o seu dom é melhor absorvido sem palavras, e em silêncio.
Muitos povos modernos já não acreditam na existência do divino, ou que Jesus, Buda, assim como outros mestres espirituais que desceram a terra. Eles menos ainda acreditam que Jesus e Buda podiam ressuscitar os mortos. A história por trás da pintura “O Levantar da Filha de Jairus” é sobre a ressurreição da filha de Jairus.
Jairus era um ancião judeu e o chefe de uma sinagoga. Sua única filha, de 12 anos de idade, estava morrendo. Jairus pediu a Jesus para curá-la. Vendo a fé de Jairus, Jesus concordou. No caminho, eles encontraram um mensageiro da casa de Jairus que levava a notícia da morte da filha. Jesus disse a Jairus para não se preocupar e ter fé nele. Enquanto se aproximavam da casa, eles viram a multidão aos prantos. Jesus disse à multidão para não chorar, pois a menina estava apenas dormindo.
As pessoas reunidas não acreditaram em Jesus e o ridicularizaram. Após ter mandado todos embora, exceto os pais da filha e três apóstolos, ele pegou a mão da menina e ordenou que ela se levantasse. A filha de Jairus voltou à vida. Embora Jesus pedisse para que ninguém fosse informado do que aconteceu, a notícia da ressurreição se espalhou pelo país inteiro.
A pintura é permeada de pureza, que acompanha presença e atos divinos, em vez de seres humanos comuns. Sua beleza reside na apresentação da apreensão de um homem quando ele pede ajuda a Deus. Pinturas deste tipo despertam a bondade original das pessoas, e ao mesmo tempo nos inspiram e nos fazem lembrar que ser um humano é uma jornada, e não o fim de uma jornada. O ser humano tem um potencial, que pode se desenvolver mediante a auto perfeição, trabalhando em seu próprio coração, e limpando suas várias manifestações de egoísmo.
“Pátio em Moscou” acerta com sua luz brilhante, sua pureza de primavera, e com a alegria infantil. Apesar de Moscou ser retratado, a pintura é referida muitas vezes como estilo-Turgenev, pela sua qualidade poética.
Polenov adorava o trabalho de Turgenev, especialmente “Esboços de um Caçador.” Na verdade, Turgenev presenteou Polenov com uma cópia autografada de “Esboços de um Caçador” durante sua visita à Rússia em 1880, em troca de um presente que Polenov lhe deu de uma reprodução de “Quintal de Moscou”, o qual pendurou permanentemente no escritório do escritor em sua casa em Bougival, França.
Parece que o pintor retratou especificamente crianças no primeiro plano, enfatizando que a sua natureza pura e inocente está em harmonia com a clareza da paisagem. Raios quentes do sol acariciam tudo que tocam, incluindo as cúpulas da igreja iridescente. No passado, a vida da cidade era muito parecida com a vida da aldeia atual. Uma pacífica e tranquila atmosfera preenchia a maioria dos lugares. Ao olhar para esta pintura o observador sente-se enaltecido, como se raios de algo limpo e sublime permeassem-no.