Ex-presidente Lula é levado à sede da PF para depor

04/03/2016 13:42 Atualizado: 04/03/2016 19:49

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi levado de carro por volta das 6h desta sexta-feira (4) por agentes da Polícia Federal de São Paulo para depor, segundo a imprensa, por volta das 8h30. Ele teria sido levado para o aeroporto de Congonhas. A PF deu início à 24ª fase da Operação Lava Jato, através do cumprimento de mandado de busca e apreensão e de condução coercitiva, quando o investigado é obrigado a depor, de acordo com o jornal Folha de São Paulo.

Diversos endereços ligados ao fundador do Partido dos Trabalhadores, incluindo a sede do Instituto Lula no bairro do Ipiranga, seu apartamento em São Bernardo do Campo (SP), o sítio que ele frequentava em Atibaia, no interior de São Paulo e o triplex no Guarujá, no litoral paulista, foram visitados por agentes, que também fizeram operações em endereços de um dos filhos do ex-presidente, Fabio Luiz, conhecido como Lulinha.

Apesar de fazer parte da Operação Lava Jato, cujo objetivo é apurar o escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras, essa fase da operação está investigando a suposta relação de Lula com empreiteiras e alegações de reformas em um apartamento no Guarujá (SP) e no sítio, que teriam sido feitas em favor da família do petista pelas construtoras. “Há evidências de que o ex-presidente Lula tenha recebido valores oriundos do esquema Petrobras por meio da destinação e reforma de um apartamento triplex e de um sítio em Atibaia, da entrega de móveis de luxo nos dois imóveis e da armazenagem de bens pela transportadora. Também são apurados pagamentos ao ex-presidente, feitos por empresas investigadas na Lava Jato, a título de supostas doações e palestras”, diz nota do MPF. São pelo menos R$ 4,5 milhões em lavagem por meio do Sítio Santa Bárbara em Atibaia e por meio do tríplex 164-A.

Batizada de Aletheia, em referência à expressão grega que significa busca da verdade, a operação de hoje envolve cerca de 200 agentes da PF e 30 auditores da Receita Federal. Eles cumprem 44 mandados judiciais, (33 mandados de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva, em que as pessoas são obrigadas a prestar depoimento à polícia, ainda que sem acusação formal) no Rio de Janeiro, em São Paulo e na Bahia. A determinação é do juiz federal Sergio Moro, de Curitiba.

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Esta ação da PF está sendo levada a cabo um dia depois de uma reportagem da revista ISTOÉ ter revelado o suposto conteúdo da delação premiada do senador Delcídio Amaral (PT), em que este acusa o ex-presidente de ter mandado comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, e de outras testemunhas. O senador também teria citado a presidente Dilma Rousseff no acordo de delação – o governo negou as denúncias.

Dilma convoca reunião com ministros

A presidente Dilma Rousseff convocou nesta manhã ao menos cinco ministros para analisar a ação da Polícia Federal. Os ministros chamados para a reunião foram: Jaques Wagner (Casa Civil), José Eduardo Cardozo (Advocacia-Geral da União), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) e Edinho Silva (Comunicação Social). Em seguida, a presidente conversou com Cardozo e o novo ministro da Justiça, Wellington Lima e Silva.

A assessoria da presidência não quis se pronunciar sobre o assunto. Apenas informaram que a agenda da presidente Dilma Rousseff não muda.

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Diretório do PT convoca reunião extraordinária

O diretório nacional do PT convocou na manhã desta sexta-feira (4), através das redes sociais, uma reunião extraordinária ainda cedo, às 10 horas, na sede do partido que fica na região central de São Paulo, a fim de definir ações em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

De acordo com o convite, feito a militantes e simpatizantes, a reunião contaria com a presença do presidente nacional do PT, Rui Falcão, e do presidente estadual Emídio de Souza “para definir as ações das próximas horas”, informa. “O momento é de mobilização total”.

Além do ex-presidente Lula, principal alvo da operação, a ex-primeira dama Marisa Letícia, seus filhos Fábio Luiz, Sandro Luiz e Luiz Cláudio e o amigo Paulo Okamoto, presidente do Instituto Lula e seu tesoureiro pessoal, foram conduzidos coercitivamente para depor sob vara, esta manhã, em São Paulo.