Ex-oficiais militares presos por protesto em Pequim

25/08/2012 21:01 Atualizado: 25/08/2012 21:01
Policial militar chinês guarda o monumento dos Heróis do Povo na Praça da Paz Celestial, no 23º aniversário do massacre, em 4 de junho de 2012. (Mark Ralston/AFP/GettyImages)

A China posicionou seu exército em Pequim no início da semana passada para interceptar vários milhares de ex-oficiais militares que planejavam protestar para aumentar a conscientização sobre serem maltratados depois de deixarem o serviço militar.

Muitos ex-oficiais que se tornaram peticionários foram presos e detidos antes que pudessem chegar a seu destino.

Para acabar com o protesto, o 38º Batalhão do Exército foi posicionado na Estação Ferroviária do Sul de Pequim com munição real, segundo uma testemunha. O 38º Batalhão foi uma das unidades usadas para reprimir os protestos pró-democracia na Praça da Paz Celestial (Tiananmen) em 1989, que deixaram mais de 2.000 mortos, segundo estimativas.

Os peticionários queriam protestar sobre a relutância do regime chinês de lhes dar fundos de aposentadoria ou lhes arranjar empregos depois que se aposentam ou deixam o serviço.

O Sr. Wang, um ex-oficial militar da província de Shandong que não quis dar seu nome, disse ao Epoch Times que ex-militares que tentaram ir a Pequim foram detidos antes que pudessem fazer sua jornada.

Wang e seus colegas procuraram organizar vários milhares de ex-oficiais militares chineses para apelarem em Pequim e chamarem a atenção para sua situação, mas apenas algumas centenas realmente conseguiram chegar a capital, pois muitos foram interceptados antes que pudessem viajar e colocados sob prisão domiciliar.

Uma testemunha disse à Rádio Som da Esperança (SOH) que a Estação Ferroviária do Sul de Pequim foi bloqueada por militares na segunda-feira e que os viajantes foram revistados. Pelo menos 800 soldados do 38º Batalhão do Exército foram posicionados, acrescentou a testemunha.

Os soldados usavam munição real, o que “é inédito”, disse uma testemunha não identificada à SOH. “Não foram eles as unidades que realizaram o massacre da Praça Tiananmen?”

Outro ex-militar, o Sr. Zhao, corroborou o relato do Sr. Wang numa entrevista à Rádio Free Asia, dizendo que muitos dos ex-oficiais militares foram detidos em suas casas.

Os oficiais que conseguiram ir a Pequim, disse ele, foram recebidos por “muitos policiais que os esperavam na frente da Comissão Militar Central e do Museu Militar”.

Cerca de 940 mil militares não receberam empregos como prometido depois que deixaram os militares. Estes oficiais tentam apelar em Pequim desesperadamente, segundo o ex-militar Sr. Cao.

“Queremos que as políticas de desmobilização militar sejam executadas”, disse Cao, que se aposentou em 1997, à SOH, referindo-se às políticas que asseguram que ele e outros oficiais reformados recebam trabalho. “Tenho apelado por 19 anos sobre esta questão, mas tem sido infrutífero”, acrescentou ele.

Outro ex-oficial, que não foi identificado, disse à SOH que ele culpa a corrupção no Comando Central do Partido Comunista Chinês por não atribuir fundos de aposentadoria para ex-oficiais. Ele disse que eles não receberam qualquer dinheiro.

O dinheiro que oficiais militares aposentados deveriam receber, segundo ele, foi simplesmente dividido entre os oficiais locais e apropriado.