Ex-oficiais do PCC no povoado de Wukan presos e interrogados

25/04/2012 02:30 Atualizado: 25/04/2012 02:30

Moradores seguraram faixas durante uma manifestação de protesto em Wukan, província de Guangdong, em 19 de dezembro de 2011, exigindo das autoridades centrais ação contra a expropriação ilegal de terras e a morte de um líder local em custódia. (STR/AFP/Getty Images)Autoridades comunistas chinesas puniram oito dos nove membros do comitê anterior do povoado de Wukan, segundo um anúncio recente. As negociatas e a corrupção dos oficiais, comum em povoados chineses, provocaram uma revolta local que ganhou exposição na mídia internacional no ano passado.

Os oito foram detidos em 20 de abril pelo Comitê de Inspeção Disciplinar de Lufeng, a agência que lida com a corrupção interna no Partido Comunista Chinês (PCC) sobre a venda ilegal de terras e má gestão financeira. Lufeng é a área administrativa onde Wukan se situa, no sul da província costeira de Guangdong.

O ex-secretário do Partido no povoado, Xue Chang, tinha 30 mil dólares em renda ilegal confiscada, de acordo com o Xinhua, a mídia porta-voz do Estado. O ex-chefe do comitê do povoado, Chen Shunyi, também foi expulso do PCC. Seis outros funcionários também foram punidos. Todos os oito foram colocados em “shuanggui”, isolamento, um procedimento interno do PCC para lidar com oficiais problemáticos.

No entanto, shuanggui é em si ilegal, segundo os especialistas. Hao Jingsong, fundador do “Centro de Advocacia para o Interesse Público” em Pequim, disse à Voz da América que shuanggui, que inclui detenção e interrogatório, não é uma medida legal, mas uma medida disciplinar utilizada pelo PCC. A menos que seja autorizado por lei, qualquer restrição da liberdade pessoal é ilegal, disse ele. O Comitê Central de Inspeção Disciplinar recentemente fez a mesma coisa com Bo Xilai, secretário recém-deposto do PCC.

A partir de setembro do ano passado, residentes de Wukan começaram a protestar contra as vendas de terras feitas pelo comitê do povoado. Eles haviam vendido terra pública para ganho pessoal, disseram os moradores. Eventualmente, eles se revoltaram, expulsando seus ex-chefes do povoado e criando seu próprio comitê local. Esse comitê do povoado foi mais tarde dissolvido por oficiais do PCC, que fizeram o povoado realizar uma eleição para formar outro novo comitê.

Os comentários centraram-se sobre se a experiência de Wukan, onde os moradores agora parecem ter seu próprio e limpo comitê eleito para governar ao menos uma parte de seus negócios, pode estabelecer um padrão para a democracia a nível popular na China e até mesmo se o processo pode ser replicado em níveis administrativos maiores. No entanto, os moradores de Wukan ainda têm de resolver suas questões de terra. Juntamente com cada comitê de povoado, há também um comitê do PCC, que controla o comitê do povoado e não está sujeito a qualquer fiscalização popular. E, no caso Wukan, a morte violenta de um antigo líder do povoado, Xue Jinbo, ainda tem de ser retificada.