Ex-líder chinês deixado de fora de lista de dignitários

29/07/2013 18:22 Atualizado: 29/07/2013 18:22
O atual líder chinês Xi Jinping durante uma reunião no Grande Salão do Povo na China (Goh Chai Hin/AFP/Getty Images)

A ordem em que os nomes dos dirigentes do Partido Comunista Chinês (PCC) aparecem em anúncios oficiais é muitas vezes uma indicação do seu peso político. Assim, quando o nome do ex-líder chinês Jiang Zemin não apareceu numa lista recente de dignitários que enviavam seu respeito por acadêmicos falecidos afiliados ao regime, os comentaristas não puderam deixar de interpretar o significado mais amplo disso.

Especialmente quando isto ocorre dois dias após o Ministério das Relações Exteriores publicar em seu website um elogio, pronunciado por Jiang Zemin numa reunião com Henry Kissinger, sobre o novo líder chinês Xi Jinping e suas novas e ousadas políticas.

“Xi Jinping é um líder sábio extremamente capaz”, teria dito Jiang Zemin. Ele elogiou a “decisão firme” de Xi Jinping sobre uma recente operação de repressão em Xinjiang, uma região que sofre periodicamente de violência étnica, e sobre seu encontro “extremamente franco” com o presidente Obama na Califórnia em junho.

Aparentemente, Xi Jinping não retribuiu o favor de Jiang Zemin. Para o funeral de Zhou Kaida, um professor da Universidade de Agricultura de Sichuan, em 23 de julho, Xi Jinping e o líder chinês precedente Hu Jintao, bem como o atual e ex-primeiros-ministros, Li Keqiang e Wen Jiabao, estavam todos representados. Mas não Jiang Zemin, que foi o líder chinês antes de Hu Jintao.

Em 24 de julho, quando da morte de outro acadêmico do PCC, Wang Keming da Academia Chinesa de Ciências da Universidade de Shandong, o nome de Jiang Zemin também não constava.

Isso não seria tão incomum se Jiang Zemin não fosse conhecido por valorizar altamente a proeminência que lhe é concedida em anúncios oficiais. Seu reinado como chefe do PCC (1989-2002) foi marcado por exposições regulares de grandiloquência e eventos de publicidade, incluindo um fluxo constante de cerimônias de “inscrição”, onde Jiang Zemin deixaria suas palavras de sabedoria, às vezes derivadas de velho dogma comunista, rabiscadas em placas para serem penduradas com destaque em instalações do PCC por toda a China.

Jiang Zemin também seria incisivamente nomeado atrás apenas de Hu Jintao em praticamente todas as principais reuniões do PCC antes do 18º Congresso Nacional, quando Xi Jinping foi empossado o novo líder supremo. Quando a Olimpíada foi realizada na China em 2008, Jiang Zemin se posicionou no centro da formação da liderança, embora não tivesse cargo oficial naquele momento e estivesse fora do poder a mais quatro anos.

Agora, segundo um protocolo mais ortodoxo, o premiê Li Keqiang é listado após Xi Jinping, porque ele é o segundo no comando.

A exclusão de Jiang Zemin das condolências funerais recentes e os elogios a Xi Jinping são apenas dois sinais mais recentes de que ele está perdendo influência, quase certamente com relutância. Sua contribuição para o cânone teórico comunista chinês, chamado de “Três Representantes”, também foi deixado de fora de uma circular ideológica do PCC de 27 de maio que reforçava a necessidade de realizar um trabalho político-ideológico nos jovens educadores. Todas as outras doutrinas, de Karl Marx a Hu Jintao, foram reconhecidas.

Ren Baiming, um analista de assuntos contemporâneos chineses baseado nos EUA, disse em entrevista à NTDTV, uma emissora independente de língua chinesa: “Hu Jintao e Wen Jiabao fizeram um pato estratégico com Xi Jinping e Li Keqiang. Eles têm um entendimento mútuo. Isso mostra que a influência de Jiang Zemin foi profundamente enfraquecida.”

As alterações podem ser rastreadas até novembro de 2012, quando Jiang Zemin foi listado após Hu Jintao e Xi Jinping durante o anúncio da morte do bispo Ding Guangxun.

Então, em janeiro de 2013, ele apareceu depois de todo o novo Comitê Permanente, que foi determinado no 18º Congresso Nacional do PCC em novembro de 2012.

Xing Tianxing, outro comentarista de assuntos do PCC, disse à NTDTV: “O ranking da liderança do PCC sempre chamou a atenção, principalmente porque a mídia porta-voz do PCC é rigidamente controlada pelo Departamento de Propaganda.” Então, diz ele, isso reflete diretamente o contexto interno do PCC, “suas lutas internas e o equilíbrio de poder”.

Fora do mundo rarefeito do ordenamento simbólico de nomes do PCC, tem havido uma série de mudanças reais instituídas por Xi Jinping que enfraquecem a posição de Jiang Zemin.

Xi Jinping tem, por exemplo, inserido aliados de Hu Jintao em diversos cargos provinciais por toda a China, no que analistas acreditam ser uma tentativa de enfraquecer a rede de influência e de apoio desenvolvida por Jiang Zemin durante seus anos no poder.

A mais notável, porém, foi a mudança na estrutura de comando do aparato de segurança do regime chinês, instituída na ascensão de Xi Jinping ao poder no ano passado. Anteriormente, o Comitê dos Assuntos Político-Legislativos (CAPL) estava sob o controle de camaradas diretamente leais a Jiang Zemin e estes homens também estavam empoleirados no Comitê Permanente do Politburo do PCC. O Comitê Permanente é um subgrupo do Politburo, atualmente composto por sete membros, e exerce o maior poder na China.

Sob Xi Jinping, o controle do CAPL foi tomado de um aliado de Jiang Zemin e o cargo de chefe do aparato de segurança pública foi rebaixado para o de um membro ordinário do Politburo, não mais parte do Comitê Permanente, o que reforça o nível de controle exercido pela liderança central.

Vários oficiais associados a Jiang Zemin e sua ampla rede política – incluindo Liu Tienan, o ex-diretor da Administração Nacional de Energia; Li Chuncheng, ex-secretário do PCC na província de Sichuan e outros – também foram removidos no ano passado e neste ano como resultado de sondagens de corrupção.

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