De acordo com o banco HSBC na Suíça, o ex-delegado da Polícia Civil de São Paulo e empresário do setor de segurança, Miguel Gonçalves Pacheco e Oliveira, mantinha em uma conta associada ao seu nome o saldo de US$ 194,9 milhões entre 2006 e 2007, conforme investigação do jornal O Globo feito em parceria com o portal UOL.
“Ao longo de sua carreira, Miguel Oliveira foi delegado-assistente do Departamento de Polícia Judiciária (Decap), órgão responsável pelas 93 delegacias da capital paulista. Como parte de seu trabalho, chegou a ser enviado a Miami e a Nova York para conhecer algumas experiências de combate ao crime organizado”, informa Fernando Rodrigues, autor da reportagem.
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Foi com base em uma relação de 8.667 brasileiros que mantiveram contas abertas no HSBC da Suíça em 2006 e 2007, divulgada no domingo (29), que o Jornal O Globo descobriu o nome de Oliveira, delegado de polícia aposentado, e de mais dois servidores públicos e dois que trabalham em concessionárias de serviços públicos. São eles um inspetor da Polícia Civil do Rio de Janeiro, um engenheiro da Secretaria Municipal de Obras carioca, um conselheiro da concessionária do Aeroporto de Cabo Frio e um ex-diretor da antiga concessionária do metrô do Rio, a Opportrans.
A investigação jornalística sobre o fato, chamada de SwissLeaks, tem no comando o ICIJ, sigla em inglês para Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos. Possuir uma conta corrente em outro país não implica forçosamente em crime e exige que os valores sejam declarados à Receita e ao Banco Central.
Todos os mencionados que foram encontrados para falar sobre o caso negaram ser correntistas do banco, assim como negaram ter cometido qualquer irregularidade financeira.
Apesar de manter tal cifra guardada nos cofres de Genebra — isso faz dele um dos dez brasileiros com mais dinheiro no banco suíço —, a advogada de Oliveira, Débora Monte Biltge, faz sua defesa em ações judiciais que move para obter uma revisão de sua aposentadoria. Nos últimos anos, foram pelo menos oito as ações pedindo revisão de seus vencimentos.
Até o momento da publicação da matéria, Oliveira não havia respondido aos pedidos de entrevista do jornal O Globo.