Zhou Yongkang, o ex-chefe dos serviços de segurança do Partido Comunista Chinês (PCC), estaria em “grandes apuros”, informou a mídia recentemente, pois as autoridades chinesas estariam fechando o cerco sobre ele após derrubarem um punhado de seus antigos subordinados. Fontes dizem que a Central do PCC lançou uma investigação interna contra ele e que ele pode até mesmo ser colocado atrás das grades.
Zhou tem pouca influência nos oficiais que estão no poder agora, diz o Boxun, uma mídia dissidente no estrangeiro, porque ele se envolveu em comportamento que “cruzou a linha limite da política” do PCC. A referência dizia respeito ao envolvimento de Zhou numa trama com Bo Xilai para dar um golpe de Estado e tomar o poder no PCC.
O Boxun disse que a situação de Zhou tem sido discutida nas últimas reuniões de alto escalão do PCC em Beidaihe, um resort litorâneo onde altos oficiais do regime se recolhem no verão. “Há dois planos sendo discutidos: Zhou retorna ao governo as dezenas de bilhões de yuanes que desviou ou ele será preso e condenado”, escreveu o Boxun, cuja reportagem sobre essas conversas é impossível de confirmar.
A Duowei News, outra mídia chinesa no estrangeiro, disse em 13 de agosto que soube de três oficiais de alto escalão do PCC que Zhou foi colocado sob alguma forma de controle interno e que o líder chinês Xi Jinping e membros do Comitê Permanente do Politburo, o órgão mais poderoso no PCC, além de alguns veteranos aposentados do PCC, chegaram a um consenso sobre lançar uma investigação abrangente contra Zhou.
Um artigo do Apple Daily de Hong Kong em 15 de agosto também relatou esse consenso entre os antigos e atuais líderes do PCC. O ex-líder chinês Jiang Zemin, o aliado mais próximo e patrono político de Zhou, também tem recuado seu apoio, porque Xi Jinping e o primeiro-ministro Li Keqiang têm em suas mãos um vasto conjunto de provas contra Zhou, incluindo seu conluio com Bo Xilai para usurpar o poder.
Uma fonte em Pequim disse ao Epoch Times que, de fato, tem havido uma investigação interna contra Zhou.
A rede de subordinados de Zhou pode ser rastreada por toda sua carreira, desde meados da década de 1980: ele foi vice-ministro do Ministério da Indústria do Petróleo, gerente-geral da Corporação Nacional de Petróleo da China, ministro de Terras e Recursos, secretário do PCC em Sichuan, ministro da Segurança Pública, chefe do Comitê dos Assuntos Político-Legislativos (CAPL), que controla todo o sistema de segurança pública, e membro do Comitê Permanente.
Um informe do Wikileaks em 2009 disse que Zhou e seus associados controlavam o setor de petróleo na China. Em janeiro de 2012, o Daily Mail do Reino Unido listou Zhou Yongkang como um dos dez mais poderosos membros da elite de ‘colarinho branco’ na China.
Em geral, quando o comitê disciplinar do PCC tem como alvo um alto oficial do PCC, a investigação é conduzida de forma a investigar e remover seus antigos subordinados primeiro, derrubando seus aliados mais próximos e, finalmente, fechando-se sobre ele, segundo outro artigo da Duowei.
Desde que Xi Jinping assumiu a chefia do PCC em novembro passado, cerca de uma dezena de executivos de empresas estatais e oficiais do PCC – principalmente de Sichuan, a província natal de Zhou – foram presos e colocados sob investigação, segundo a Duowei.
Entre eles, três se tornaram os mais altos oficiais que foram derrubados na campanha anticorrupção da nova liderança do PCC: Li Chuncheng, o ex-vice-secretário do PCC em Sichuan; Guo Yongxiang, o ex-vice-governador de Sichuan; e Wu Yongwen, o ex-vice-diretor do Comitê Permanente da Assembleia Popular de Hubei e secretário do CAPL em Hubei. Embora Wu não seja de Sichuan, uma fonte na comissão disciplinar disse ao Boxun que o caso de corrupção de Wu está ligado a Zhou.
Zhou Bin, o filho de Zhou Yongkang, também foi preso em Chengdu por oficiais do governo central dois meses atrás, informou o Apple Daily em 13 de agosto, citando uma fonte de Sichuan. Zhou Bin seria responsável por administrar a fortuna da família Zhou, estimada em bilhões de dólares, segundo o Want China Times. Ele era investigado por transferir dinheiro para fora do país ilegalmente. No entanto, analistas dizem que por trás da série de prisões em Sichuan, Zhou Yongkang é o verdadeiro “tigre” que a Central do PCC quer pegar.
Em fevereiro, Pu Zhiqiang, um advogado de direitos humanos de Pequim, denunciou Zhou abertamente em sua conta no Weibo, chamando-o de “veneno” da sociedade, de “traidor do povo que trouxe grandes catástrofes para o país”. Pu não recebeu qualquer pressão das autoridades, como seria esperado.
O comentarista Ren Baiming disse que Zhou é “profundamente odiado pelo povo”. “Xi Jinping e Li Keqiang têm o apoio das pessoas para eliminar Zhou. Esta é uma grande vantagem para Xi e Li”, disse Ren à NTDTV. No passado, os membros do Comitê Permanente eram praticamente intocáveis e os órgãos disciplinares do PCC não ousariam investigá-los.
De acordo com um artigo da Frontline de Hong Kong em junho, Xi Jingping e Li Keqiang removeram a proibição de punir os membros do Comitê Permanente por irregularidades, dizendo que a investigação contra membros antigos ou atuais deve ser conduzida desde que haja provas sólidas.
Nos últimos dias, várias mídias chinesas no estrangeiro previram que Zhou Yongkang poderia se tornar o primeiro oficial do PCC, que pertenceu à elite do Comitê Permanente, a ter uma investigação criminal dirigida contra ele. Seria a primeira vez em 16 anos.