Enquanto o destino de Bo Xilai, o recém-deposto chefe do Partido Comunista Chinês (PCC) na cidade de Chongqing, ainda está sendo secretamente deliberado pela liderança chinesa, outra história sobre como Bo Xilai lidou com seus inimigos políticos quando estava no poder veio à luz.
Em 2008, quando Bo Xilai ainda era chefe do PCC na megalópole de Chongqing, Rao Wenwei, um secretário do Comitê dos Assuntos Político-Legislativos (CAPL) do PCC no condado local, ofendeu Bo Xilai escrevendo artigos criticando-o e o PCC. Em janeiro de 2009, Rao foi condenado a 12 anos de prisão sob a acusação de “incitar a subversão do poder do Estado”. De acordo com uma pessoa próxima a Rao Wenwei, Bo Xilai supervisionou pessoalmente como o caso foi tratado.
Rao Wenwei foi o secretário do PCC mais jovem no CAPL no condado de Wushan, na cidade de Chongqing. Ele também era um investigador do Centro de Pesquisa Municipal de Chongqing e secretário-geral do Instituto de Pesquisa Política de Chongqing, a maior agência de tomada de decisão dentro do município de Chongqing.
Rao Wenwei escreveu 52 artigos baseados em sua experiência de trabalho dentro do sistema, afirmando várias opiniões e críticas sobre questões relacionadas à política e aos direitos humanos na China. Ele também criticou Bo Xilai num de seus artigos.
Quando Bo Xilai tomou posse como secretário do PCC em Chongqing em 30 de novembro de 2007, ele prometeu numa reunião de membros do PCC que ele e sua esposa concordaram em não permitir que qualquer parente, amigo ou outra pessoa em torno deles fosse privilegiado ou beneficiado em Chongqing.
Em 17 de abril de 2008, Rao Wenwei comentou num artigo, “Veremos o que está por atrás do discurso inaugural de Bo Xilai assim que a folha de parreira for removida, todas as coisas mais sujas na política humana, como o totalitarismo, o autoritarismo e os grupinhos privilegiados contidos dentro do sistema do PCC.”
Os amigos de Rao Wenwei tomaram a liberdade de enviar seus artigos ao Epoch Times para publicação online e os artigos também foram republicados em outros websites.
O prisioneiro Zhang Qi, companheiro de Rao Wenwei e que serviu por dois anos com ele na Prisão Yuzhou de Chongqing, conversou com o Epoch Times sobre o caso de Rao Wenwei. Zhang Qi é um representante e fundador da União dos Nacionalistas Chineses.
Zhang Qi disse que Bo Xilai havia instruído o Departamento de Segurança Nacional de Chongqing a criar uma força-tarefa especial para investigar Rao Wenwei e que Bo Xilai usou isso como oportunidade para elevar sua posição política antes dos Jogos Olímpicos de Pequim 2008.
Em 9 de julho de 2008, Rao Wenwei foi convocado pelo Departamento de Segurança Nacional de Chongqing. Em 18 de novembro, num julgamento secreto, Rao Wenwei foi condenado junto com outro homem chamado Chen Xiaofeng, que foi acusado de publicar os artigos em nome de Rao Wenwei. Ambos apelaram, mas em 19 de janeiro de 2009, o Supremo Tribunal de Chongqing manteve a sentença original e os dois foram enviados para a Prisão Yuzhou.
Zhang Qi disse que o caso de Rao Weiwei ficou amplamente conhecido no círculo de oficiais em Chongqing, uma vez Rao Wenwei era um oficial jovem e promissor no sistema do CAPL de Chongqing. No entanto, uma sentença severa foi imposta a ele.
Zhang Qi também disse que a prisão e o julgamento de Rao Wenwei foram feitos secretamente. “As autoridades ameaçaram sua família e advogado. Não houve absolutamente nenhum relatório sobre o caso na mídia nacional.”
Rao Jingjiang, de 72 anos, é o pai de Rao Wenwei; ele tem apelado pelo filho nos últimos anos. Ele também afirmou em seu blogue que está orgulhoso de seu filho.
“Bo Xilai agiu acima da lei. Não há lei [chinesa] que proíba as pessoas de criticar os líderes do PCC ou lhes dar sugestões. Eu procurarei justiça para meu filho até o fim”, disse Rao Jingjiang ao Epoch Times.
Em 30 de julho, Zhang Qi acompanhou Rao Jingjiang ao Supremo Tribunal de Chongqing para arquivar outra denúncia e um juiz finalmente concordou em aceitar o processo, mas não disse quando Rao Wenwei poderia ter uma resposta.
Bo Xilai tinha a reputação de se livrar de rivais políticos e críticos sob o pretexto de purgar a cidade de Chongqing da corrupção e do crime. Ele foi deposto em março deste ano após Wang Lijun, o ex-chefe de polícia e vice-prefeito de Chongqing que era o braço direito de Bo Xilai, buscar refúgio no consulado dos EUA em Chengdu em represália a seu chefe Bo Xilai, desencadeando o maior escândalo político da história recente da China.
Mais recentemente, Gu Kailai, a esposa de Bo Xilai, foi acusada do assassinato do empresário britânico Neil Heywood, um associado da família Bo.
Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.