Muitos ainda são ingênuos sobre a natureza do regime comunista
O parlamentarista conservador Rob Anders preocupa-se que muito poucos membros do Parlamento parecem realmente entender o significado da evolução dos acontecimentos na China de hoje ou a verdadeira natureza do regime chinês. “A China é tão vasta e nebulosa que um monte de pessoas, a menos que estejam profundamente preocupadas, têm dificuldade em compreendê-la”, disse ele.
O Partido Comunista Chinês (PCC) que rege a China está atualmente em meio a uma turbulência sem precedentes enquanto aliados do ex-líder comunista chinês Jiang Zemin são censurados. Esses aliados incluem Bo Xilai, o ex-ministro do Comércio, e Zhou Yongkang, o chefe da segurança doméstica chinesa, ambos personagens que analistas do Epoch Times previram a queda.
Jiang promoveu Bo e Zhou por aderirem zelosamente à sangrenta repressão de Jiang à prática espiritual do Falun Gong.
Enquanto isso, o atual primeiro-ministro Wen Jiabao está fazendo movimentos ousados para conduzir a China à democracia, incluindo uma diretiva recente que permitirá que partidos políticos sejam registrados na China.
Uma fonte bem posicionada revelou ao Epoch Times recentemente que os principais líderes do regime chinês decidiram nacionalizar os militares, estabelecer um comitê para formar uma Constituição que consagre o direito de formar associações e partidos políticos, e retratar o Massacre da Praça Tiananmen e a repressão ao Falun Gong.
O acordo também disse que o PCC tinha terminado seu reinado como partido dominante da China.
Esses sinais representam mudanças sísmicas dentro do regime. Historicamente, o PCC é conhecido por agarrar-se implacavelmente ao poder, o que deixou milhões de mortos. Algumas estimativas calculam o número de mortes causadas pelo PCC desde sua chegada ao poder em 65 a 80 milhões.
“Talão de cheques diplomático”
Enquanto os eventos se desdobram rapidamente, muitos deputados no Canadá ainda não estão claros sobre a verdadeira natureza do regime chinês. Anders disse que muitos especialistas que entendem a China têm interesse no status quo, enquanto outros foram enganados pelo regime.
“São pessoas que vão em viagens de cinco estrelas e comem e bebem, e o que você quiser”, disse ele.
“Eu acho que muitas pessoas são compradas pelo talão de cheques diplomático. Acho que a China é muito boa em levar as pessoas até a China e Shanghai, dar-lhes uma estadia num hotel de cinco estrelas, apresentá-las a pessoas que falam excelente inglês, levá-las para uma noite na cidade, encher seus egos e lhes oferecer negócios.”
Alguns deputados que falaram com o Epoch Times se sentem desconfortáveis falando dos acontecimentos que vieram à tona, mas poucos parecem ter seguido os eventos de perto. Alguns deputados estão intimamente envolvidos na China e parecem relativamente cientes dos abusos do regime.
“O problema é que grande parte de nosso povo é ingênuo”, disse Anders.
Parlamentares que receberam ofertas de grandes negócios que continuam a pagar depois de investirem um pouco de dinheiro não se veem como comprados, disse Anders. Outros oficiais abordados por uma mulher de um terço de sua idade não querem reconhecer que estão sendo oferecidos favores, disse ele.
“Eles não querem ver a situação pelo que ela é. […] Eles são orgulhosos demais para admitir que foram envolvidos.”
Sedução sutil
Anders compara a forma como os deputados e outros são seduzidos por oficiais do regime chinês a como Mackenzie King foi seduzido por Adolf Hitler após uma visita à Alemanha nazista em 1937.
“Minha avaliação do homem com que me sentei e conversei é que ele realmente ama seus semelhantes, seu país, e faria qualquer sacrifício pelo bem deles”, escreveu King sobre Hitler em seu diário. O ex-primeiro-ministro escreveu que Hitler parecia ser “um homem de profunda sinceridade e um genuíno patriota”.
“Enquanto eu falava com ele, eu não podia deixar de pensar em Joana d’Arc. Ele é claramente um místico”, escreveu King.
Anders comparou os comentários de King à forma como as autoridades canadenses e outros falaram sobre Bo Xilai e outras autoridades chinesas conhecidos por sua brutalidade.
“É deprimente. Estou certo de que num encontro pessoal, os líderes da China comunista, tendo subido as posições que têm, são provavelmente afáveis, eles provavelmente têm habilidades, provavelmente são bem lidos numa variedade de tópicos. Então, nesse aspecto, tenho certeza que possam ser interessantes em se ter uma conversa”, disse ele.
“Mas quando você julga o regime e o que ele fez, em termos de tomar o território de outras pessoas, ou diplomaticamente contra seus vizinhos, ou exportando rebeldes como maoístas revolucionários para o Nepal, ou coletando órgãos de praticantes do Falun Gong, ou tendo o maior número de execuções políticas no mundo e um massivo sistema de prisões e de trabalho forçado, isso mostra como o regime tem de ser julgado.”
“Essa é a melhor maneira de julgar o regime, por seus atos, não pelas palavras dos líderes em reuniões privadas.”
Anders está esperançoso de que forças de moderação na China estejam se levantando para que haja uma mudança política no país, mas ele se preocupa que a mudança não seja tão pacífica quanto poderia ser.
Independente disso, ele disse que o Canadá tem o dever de apoiar valores como a democracia e as liberdades fundamentais na China.