O bombardeio atômico da cidade japonesa de Hiroshima pelos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial completou ontem (6) 69 anos. Uma cerimônia em homenagem às vítimas foi realizada sob chuva no Parque Memorial da Paz em Hiroshima e teve como tema central o desarmamento nuclear e o caráter pacifista da Constituição do Japão.
Cerca de 45 mil pessoas compareceram ao evento, que teve a presença do primeiro-ministro japonês Shinzo Abe. Uma lista contendo 292.325 nomes de vítimas do bombardeio foi colocada em um cenotáfio – um tipo de monumento fúnebre. Incluem-se aí 5.507 pessoas que foram acrescentadas neste ano.
Os participantes fizeram um minuto de silêncio às 8h15, a hora local exata em que o avião B-29, que tinha o nome de Enola Gay, lançou, em 6 de agosto de 1945, o Little Boy, nome com que os Estados Unidos batizaram a bomba.
Em sua declaração de paz, o prefeito de Hiroshima, Kazumi Matsui, chamou a bomba atômica de “mal absoluto” que privou muitas pessoas de suas vidas e transformou a existência dos sobreviventes em um tormento.
Matsui conclamou as pessoas a se comunicarem, pensarem e trabalharem com os sobreviventes da bomba atômica em prol de um mundo pacífico sem armas nucleares e guerras. Ele recordou que, no próximo ano, está prevista a revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear, coincidindo com a comemoração dos 70 anos do bombardeio atômico.
Por outro lado, o dirigente destacou o lado pacifista da Constituição japonesa depois de o governo central ter impulsionado uma controversa reinterpretação da Carta para reforçar o papel das forças de defesa.
“O nosso governo deve aceitar o fato de termos podido evitar a guerra durante 69 anos devido ao nobre pacifismo da Constituição japonesa”, disse. Kazumi Matsui pediu que o Japão continue como uma nação que preza a paz, sem citar diretamente o direito à autodefesa coletiva.
Em seu discurso, o premiê Shinzo Abe afirmou que o Japão carrega a responsabilidade de concretizar, sem fracassar, um mundo sem armas nucleares, na condição de único país ao longo da história a ter vivenciado os horrores de um ataque atômico. Ele comprometeu-se a promover mais esforços por um mundo livre de armas nucleares.
Também estiveram presentes à cerimônia sobreviventes do ataque norte-americano, a embaixadora dos Estados Unidos, Caroline Kennedy, e representantes de outros 67 países, entre os quais algumas potências nucleares como o Reino Unido, Rússia e França.
Caroline Kennedy, que assumiu o posto diplomático em novembro, visita pela primeira vez Hiroshima e é a segunda embaixadora norte-americana a assistir às cerimônias, depois de John Ross em 2010.