Médicos de todo o mundo reuniram-se em São Francisco, Califórnia, para o Congresso Mundial de Transplante realizado no Moscone Center West entre 26 e 31 de julho. Os encontros e discussões no fórum se focaram nos complexos procedimentos médicos e na colaboração entre os especialistas de transplante de todo o mundo. Enquanto isso, do lado de fora na calçada, houve um protesto pelos direitos humanos.
Praticantes do Falun Gong foram à região de Bay Area para protestar contra a extração forçada de órgãos que ocorre na China. Eles esperam que a Sociedade de Transplante adote métodos mais eficazes e medidas ativas para acabar com a matança de praticantes do Falun Gong, cujos órgãos são involuntariamente removidos e vendidos para abastecer a lucrativa indústria de transplante, um esquema que tem sido amplamente divulgado desde 2006.
“Há várias vítimas aqui que escaparam por muito pouco dos notórios campos de trabalho forçado da China, e que quase foram vítimas da extração ilegal de órgãos”, disse Alicia Zhao, coordenadora de um evento de imprensa na terça-feira de manhã em frente ao Moscone Center.
“A maioria deles conta histórias de ter o sangue extraído com regularidade durante a detenção. Todos sabemos que isso não foi feito por uma razão humanitária, uma vez que eles eram frequentemente torturados, alguns inclusive até a morte”, disse ela.
David Matas, um advogado de canadense direitos humanos e coautor de uma longa investigação sobre as alegações de extração forçada de órgãos, concluiu em seu trabalho que “as alegações são verdadeiras”. “Um problema constante que enfrentamos”, disse Matas em São Francisco na terça-feira, “é que a China realiza um enorme número de transplantes, mas não há explicação sobre o abastecimento dos órgãos. Eles dizem que é proveniente de prisioneiros condenados à morte e executados, mas não fornecem os números precisos.”
“Os números são totalmente inconsistentes”, continuou ele. “Os números conhecidos de penas de morte são em torno de 3 mil, de modo que os órgãos, que chegam a centenas de milhares ou mais, devem estar vindo de outro lugar. Este é apenas um dos muitos elementos de prova que, reunidos, fizeram-me concluir, assim como outros, que os praticantes do Falun Gong são mortos por seus órgãos na China.”
O relatório de Matas-Kilgour pode ser encontrado em Organharvestinvestigation.net. “Estou aqui para mobilizar a comunidade de transplante a fazer mais para combater o abuso de transplante na China”, disse Matas.
Testemunho em primeira mão
Bu Dongwei, de 46 anos, de São Francisco, disse que durante sua detenção num campo de trabalho forçado na China entre 2006-2008, ele teve seu sangue coletado regularmente a cada três meses. “O sangue foi coletado somente de praticantes do Falun Gong e eles nunca nos disseram para que serviam os testes”, disse Bu.
Hongwei Lou, a esposa de Bu Dongwei, escreveu um livro intitulado “Lembre-se da Verdade“, enquanto seu marido ainda estava no campo de trabalho. Na obra, ela escreve sua reação ao descobrir sobre a extração forçada de órgãos: “Eu olhei para o vazio por um longo tempo, e me recordei como muitos desses praticantes do Falun Gong, que perseveraram em não serem ‘transformados’, desapareceram sem deixar vestígios.”
“Meu coração gradualmente se sentiu despedaçado e minhas lágrimas jorraram abundantemente. Enquanto eu ouvia o som da chuva do lado de fora da janela, uma linha do antigo poeta chinês Bai Juyi em ‘Som do Lamento Eterno’ surgiu em minha mente: ‘A chuva da noite ouve um som agoniado do sino.’”
Li Jie, de San Jose, foi detida num campo de trabalho forçado em Pequim entre 2000-2004. “Quando eu estava detida em Pequim, todos os praticantes do Falun Gong foram forçados a fazer exames de sangue e outros exames médicos regularmente.”
Yolanda Yao, de Sunnyvale, outrora uma doutoranda na China, foi condenada a um campo de trabalho em Pequim entre 2011-2013. Ela foi forçada a se submeter a exames físicos e de raios-X, e seu sangue também foi coletado.
Li Jienhua, de San Jose, disse que, durante sua detenção, ela também foi submetida a inúmeros exames de saúde e teve amostras de sangue coletadas.
Um cético investiga
O autor investigativo Ethan Gutmann passou os últimos seis anos pesquisando e entrevistando praticantes do Falun Gong, uigures, cristãos e tibetanos em todo o mundo.
“Eu era um cético sobre a extração forçada de órgãos”, disse ele na terça-feira. “Eu não sou praticante do Falun Gong, nem estou afiliado a qualquer grupo, eu sou um pesquisador independente e um repórter investigativo. Eu era cético, mas a evidência é inconfundível em minha mente que isto não apenas ocorreu, mas prossegue ocorrendo, e em certo sentido continua a crescer.”
“Acho que é muito importante estar aqui com a comunidade médica”, continuou Gutmann, “mas isso tem de chegar à comunidade política também. Ninguém pode ignorar esta questão. Peço as pessoas que leiam, que levem isso a sério, que tomem suas próprias decisões, e peço apenas uma audiência justa.”
Gutmann foi perguntado sobre a notícia recente de que a polícia em toda a China está agora invadindo as casas de praticantes do Falun Gong e forçando-os a ceder amostras de sangue ou de tecido.
“Eu sou meio judeu”, disse Gutmann, “e às vezes as pessoas perguntam o que me motiva a fazer este trabalho, e eu tenho de admitir reservadamente que porque sou meio judeu e porque perdi parentes durante o holocausto, isso me influencia e me impele a agir.”
Referindo-se a seu novo livro “The Slaughter“, que será lançado em 12 de agosto, ele disse: “Através de todo o meu livro, eu não faço sequer uma única referência ao Holocausto porque considero o Holocausto algo especial e único na história. Este achado, se for verdade, é preciso que pela primeira vez pensemos nisso como uma referência ao Holocausto, há um eco do Holocausto nisso.”
Informações adicionais sobre a extração forçada de órgão podem ser encontradas em StopOrganHarvesting.org, no Minghui.org, ou no Epoch Times.