Os Estados Unidos e a França apelaram, nessa quarta-feira (23), ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para que considere a aplicação de sanções contra os responsáveis pelas atrocidades cometidas no Sudão do Sul, informaram diplomatas.
“Queremos que o conselho considere um regime de sanções”, declarou a embaixadora norte-americana, Samantha Power, citada por diplomatas, durante sessão de consulta entre representantes dos 15 membros do Conselho de Segurança. O embaixador francês, Gérard Araud, manifestou “pleno apoio” à proposta norte-americana durante o encontro.
Segundo a ONU, tropas ligadas ao antigo vice-presidente sul-sudanês Riek Machar, que lutam desde meados de dezembro contra o exército governamental, massacraram este mês centenas de civis por motivos étnicos na localidade de Bentiu. Antes de entrar para a reunião, o diplomata francês tinha declarado aos jornalistas que Paris é a favor da aplicação de sanções e que apoiaria Washington caso a medida fosse proposta.
“Nós devemos considerar decisões, poderão ser sanções”, disse ele, lembrando que “as atrocidades são cometidas pelas duas partes” do conflito no Sudão do Sul. O Conselho de Segurança da ONU não anunciou qualquer decisão imediata a esse respeito.
A embaixadora da Nigéria, Joy Ogwu, que assume a presidência rotativa do conselho, destacou, no âmbito das consultas, que o órgão “está unido e determinado a fazer com que [esses crimes] não voltem a se repetir”. A maioria dos países-membros apoiou o “envio de mensagem clara” às partes, acrescentou, sem se referir à eventual aplicação de sanções.
A diplomata qualificou de “intoleráveis” os ataques contra bases da ONU, onde se encontram refugiados milhares de civis, como os que ocorreram em Bor, na quinta-feira passada (17). O chefe das Operações de Manutenção de Paz da ONU, Hervé Ladsous, acusou as duas partes do conflito de “não estarem prontas para cessar as hostilidades”, apesar do acordo de cessar-fogo que continua a ser ignorado.
Em dezembro, o Conselho de Segurança da ONU concordou em quase duplicar a força de paz no Sudão do Sul, mas foram poucos os soldados que chegaram ao país. “Talvez tenhamos de encarar o fato de que não podemos cooperar mais com esse governo (…). Precisamos de uma introspeção sobre o que a ONU deve fazer no Sudão do Sul”, disse o diplomata francês.
Essa matéria foi originalmente publicada pela Agência Brasil