EUA fortalecem laços com Filipinas em meio a preocupações de segurança

11/06/2012 03:00 Atualizado: 11/06/2012 03:00

Policiais filipinos ficam de guarda ao lado de um cartaz durante um comício anti-China no consulado da China em Manila em 11 de maio. Centenas de filipinos manifestaram-se sobre a crescente discussão territorial. (Ted Aljibe/AFP/Getty Images)O presidente Benigno Aquino das Filipinas se reuniu com o presidente Obama na Casa Branca em 7 de junho, com destaque para o revigoramento da relação EUA-Filipinas em meio a preocupações de segurança no Mar do Sul da China.

Aquino, cujo pai era da oposição política quando foi assassinado em 1983, é altamente considerado pela administração Obama, em grande parte devido a sua postura firme contra a corrupção. A importância estratégica do arquipélago do Sudeste Asiático também ganhou peso quando os Estados Unidos mudaram seu foco sobre a região Ásia-Pacífico, e as atividades da China lá.

No topo da agenda estão discussões sobre a cooperação militar. As Filipinas tiveram vários confrontos territoriais com a China no Mar Meridional da China, também chamado Mar Ocidental das Filipinas (MOF), como é conhecido nas Filipinas. O confronto mais recente ocorreu quando embarcações chinesas bloquearam um navio da Marinha filipina de prender pescadores chineses considerados estarem pescando ilegalmente em águas filipinas. “O MOF continua a ser um núcleo de interesse nacional para o país e diplomaticamente estamos trabalhando para garantir que o que é nosso seja nosso”, disse Albert del Rosario, o secretário de Relações Exteriores das Filipinas, na Heritage Foundation em Washington no mês passado.

Como signatários do Direito Internacional do Mar, as Filipinas estão buscando uma “abordagem baseada em regras” para resolver o problema. No entanto, como outros países da Ásia-Pacífico, as Filipinas estão nervosas sobre as intenções da China e têm saudado o crescente envolvimento dos EUA na região. A este respeito, o Tratado de Defesa Mútua (TDM) dos EUA-Filipinas de 1951 é susceptível de discussão. Rosario indicou mês passado que a nação de 93 milhões espera que o TDM inclua as disputas no MOF. “Não está claro, contudo, se Washington concorda com essa avaliação”, dizem Ernest Bower e Prashanth Parameswaran, especialistas sobre a Ásia, num documento do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS).

Apoio militar

O que está claro é que haverá mais experiência militar compartilhada e apoio à defesa filipina oferecido pelos Estados Unidos. O general Martin E. Dempsey, presidente dos Chefes do Estado Maior, visitou as Filipinas no início deste mês como parte da estratégia dos EUA para reequilibrar os esforços de defesa na região. A ajuda militar dos EUA para as Filipinas deverá dobrar para 30 milhões de dólares este ano. “Washington já está preparando enviar uma segunda lancha de Guarda Costeira às Filipinas neste outono e está ajudando Manila a desenvolver seu sistema de vigilância costeira para monitorar seu litoral”, escrevem Bower e Parameswaran.

O secretário de Defesa, Leon Panetta, indicou também que ele faz questão de incluir as Filipinas na rotação anual de cerca de 2.500 soldados norte-americanos estacionados na Austrália este ano. No entanto, isto pode não ser tão fácil de negociar. Enquanto as Filipinas são o mais antigo dos cindo aliados dos EUA no tratado na Ásia, a relação que remonta a mais 60 anos atrás nem sempre foi de vento em popa. “Como passamos por diversas fases em nossas relações bilaterais, nós aprendemos que, mesmo o mais próximo dos aliados não concorda em todas as coisas em todos os momentos”, disse Rosario.

A relação chegou a um ponto particularmente baixo no início de 1990 quando um forte movimento nacionalista viu o encerramento de duas grandes bases militares dos EUA, a Base da Baía de Subic e a Base Aérea Clark. A lei filipina ainda não permite uma base estrangeira em seu solo.

Relações econômicas

O presidente Aquino busca angariar investimentos durante sua visita aos EUA com sua comitiva, incluindo um número de empresários executivos. Ele e Obama pretendem discutir a Parceria Transpacífica (PTP), uma iniciativa comercial que nasceu na APEC no início deste ano. Mas essas discussões podem estar ligadas a uma agenda mais controversa, fazer o Congresso dos EUA passar a Lei Salve Nossas Indústrias (ou SAVE Act), que removeria as tarifas sobre roupas filipinas que usam produtos têxteis norte-americanos e resultam em 1 bilhão de dólares em exportações de vestuário para os Estados Unidos, dizem Bower e Parameswaran. “O governo dos EUA diz que prefere que as Filipinas se unam a PTP, que espera reduzir as barreiras comerciais em amplos setores da economia, em vez de pedir ao Congresso que aprove uma lei que beneficiaria apenas um setor do país”, dizem os especialistas do CSIS.

Aquino se encontra com Obama pela quarta vez nos últimos dois anos, mas é sua primeira reunião no Salão Oval.