EUA comprometido pela dependência de terras raras da China

12/06/2012 17:00 Atualizado: 12/06/2012 17:00

Um ciclista usa uma máscara de proteção enquanto dirige por uma estrada poeirenta, onde há dezenas de fábricas de processamento de terras raras, ferro e carvão em pó, um tipo de terra de ninguém perto da cidade de Baotou, na Mongólia Interior da China. (Frederic J. Brown/AFP/Getty Images)WASHINGTON – Os Estados Unidos são dependentes da China para quase 25% dos metais raros críticos usados em telefones celulares, laptops e munições guiadas de precisão, colocando em risco sua segurança nacional, segundo um grupo da indústria.

O relatório caracteriza a dependência dos EUA por esses elementos cruciais da China como “o elefante na sala”. A dependência era “desproporcionalmente alta”, 22% das importações minerais, segundo o relatório elaborado pela Rede de Política de Recursos Norte-Americanos, apresentado numa conferência em 6 de junho.

Os Estados Unidos dependem da China para o fornecimento de 18 metais e minerais importantes para os quais os Estados Unidos não têm atualmente uma fonte doméstica, acrescentando a “urgência” dos Estados Unidos diversificarem suas fontes longe da China, diz o relatório.

Como é que uma situação evoluiu ao ponto em que os Estados Unidos se tornaram tão dependentes de um recurso estratégico da China, uma concorrente global e potencial adversária?

Algumas explicações surgiram durante a conferência.

“A complacência, mas também a irresponsabilidade e a imprudência”, disse o participante mais sincero do dia, Frank J. Gaffney Jr., presidente e CEO do Centro de Política de Segurança, numa entrevista no corredor.

Ele se referiu aos Estados Unidos caindo numa relação de dependência com uma contraparte hostil, a China, como um produto da “ignorância deliberada”. A comunidade de política externa ignorou a abundância de evidências de que a China não significa algo de bom para os Estados Unidos, disse Gaffney.

“É como o raio trator da Estrela da Morte”, disse ele, referindo-se a dificuldade de resistir à ideia de que a China é um parceiro cooperativo, e não um adversário em potencial, dos Estados Unidos.

O fracasso dos EUA em agir sobre a importância estratégica dos elementos de terras raras, uma falha em perceber a ameaça da China e o que alguns palestrantes consideraram como uma confiança indevida de que a cadeia de suprimento global se autocorrigiria moveram-se lado a lado dos esforços deliberados dos chineses de ganhar uma posição dominante na indústria.

O modelo do regime chinês de capitalismo de Estado lhe permitiu absorver os custos da produção desses metais, que levam anos para serem disponibilizados e vêm com enormes exigências de investimento de capital e custos ambientais. Eles venderam os metais mais barato do que todos os outros, e aos poucos começaram a ganhar uma posição dominante no mercado global de terras raras.

Isso vem ocorrendo desde meados de 1980, supervisionado por uma força-tarefa de alto nível conhecida como Projeto 863, nomeado segundo a data de fundação de março de 1986.

O Projeto 863 está encarregado de expandir do papel da China na produção de alta tecnologia, inclusive para fins militares. É impossível traçar uma linha direta e causal dos objetivos desta força-tarefa com o posterior predomínio da China nos metais de terras raras, ou seja, a questão de se houve uma conspiração em longo prazo, mas as ações da China parecem ser “consistentes” com essa estratégia, de acordo com o cauteloso Daniel McGroarty, presidente da Rede de Política de Recursos Norte-Americanos e coautor do relatório.

O mundo testemunhou os perigos potenciais do domínio chinês sobre os metais de terras raras em 2010, quando eles puniram o Japão embargando as exportações em meio a uma disputa diplomática.

Daniel McGroarty foi coautor de um relatório que investigou a dependência dos EUA pelos elementos de terras raras da China, que tem importantes implicações estratégicas. (Matthew Robertson/The Epoch Times)

Esse foi um chamado para despertar. Foi também um ponto de virada para os Estados Unidos e para a indústria de terras raras, com políticos, estrategistas e empresários se esforçando por descobrir como desenvolver recursos de terras raras no mercado doméstico. Os metais estão no chão, mas as barreiras para transformar a sujeira contendo elementos pesados de terras raras, as coisas necessárias para aplicações de alta tecnologia, em ímãs de alta potência até agora não foram superadas.

Em 2002, a Molycorp, o centro de produção de elementos de terras raras dos EUA na Califórnia, fechou devido à concorrência da China.

O momento correspondeu com o papel cada vez mais importante que os metais de terras raras têm desempenhado na alimentação de turbinas eólicas, iPhones e outras tecnologias da nova economia.

Palestrantes em 6 de junho discutiram os aspectos recônditos da produção de metais de terras raras, seu uso, abastecimento e reclamações sobre a intransigência da burocracia indomável do Departamento de Defesa (DoD).

Eles lutaram com a ideia de ter um “arsenal virtual” negociado através de contratos com fornecedores do DoD, eliminando assim a necessidade de que os EUA tenham um arsenal real, uma palavra que desde a Guerra Fria ganhou conotações indesejáveis em Washington.

Mas a questão fundamental permanece. “O Congresso acha que ‘nós temos um caso na OMC, temos uma mina na Califórnia, então está tudo bem'”, disse Jeffery A. Green, fundador e presidente de uma consultoria que lida com a questão. Mas Green diz que as coisas não estão bem.

Como explicou Gareth P. Hatch, diretor fundador da ‘Technology Metals Research LLC’, o problema real não é simplesmente escavar rochas do solo, mas que os Estados Unidos ainda não têm a capacidade de produzir óxidos pesados de terras raras separadamente. Ele depende da China para isso.