Os Repórteres Sem Fronteiras (RSF) disseram que o governo etíope está tentando censurar os jornais estatais, arriscando regredir a liberdade da mídia no país em mais de duas décadas. A Etiópia, disseram os RSF, teria uma censura em pé de igualdade com a “ditadura brutal do [líder comunista] Mengistu Haile Mariam”, que terminou em 1991.
“Permitir que a imprensa controle o conteúdo editorial é equivalente a lhes dar poderes judiciais”, disse o grupo. “Em que base essas empresas estatais se acham no direito e independência para interpretar a lei?”
“Se este contrato padrão for adotado, tememos que isso provoque a proliferação da autocensura, que já é muito comum, e a uma mídia subserviência ao governo”, acrescentou o grupo.
A Etiópia tem reprimido certos usos da internet após a companhia estatal Ethio-Telecom, o único provedor de internet do país, instalar um sistema de bloqueio à rede TOR, que permite comunicações online.
Eles estão provavelmente usando um método chamado “Inspeção profunda de dados” para filtrar sua internet, disse um analista de TI. A técnica é utilizada pela China e pelo Irã para censurar o acesso à internet de seus usuários.
TOR é uma rede aberta que permite aos usuários contornar a vigilância da rede e manter os usuários anônimos. TOR disse num comunicado, depois que relatos sobre a “Inspeção profunda de dados” surgiram, que eles desenvolveram uma maneira de contorná-la.
O país também proíbe seus usuários de usarem o Skype e outros softwares de comunicação pela internet, com infratores podendo receber até 15 anos de prisão.
“Esta nova lei e a possibilidade de que um sistema de ‘Inspeção profunda de dados’ tenha sido implantado marcam um ponto de mudança significativo no controle do governo etíope sobre a internet”, disseram os Repórteres Sem Fronteiras.
O Comitê para a Proteção dos Jornalistas disse que os esforços recentes do país são uma tentativa de controlar “todas as formas de comunicação” e que “as autoridades estão, obviamente, ameaçando profundamente qualquer fonte de informação independente, desde o jornalismo crítico até o compartilhamento de informações online”.
Jornalistas locais disseram que a Etiópia tem tentado controlar serviços baseados na internet nos últimos anos e reprimiu vários cybercafés.