Estudo revela riscos do Prozac e antidepressivos durante a gravidez

23/04/2014 08:00 Atualizado: 23/04/2014 01:45

A Universidade de Tufts centralizou seus estudos nos medicamentos que estão sendo receitados hoje em dia por alguns médicos às suas pacientes com depressão durante a gravidez, e detectou que os efeitos do Prozac, Celexa e Zoloft, os quais estão em moda desde 1987, estão causando mais danos à saúde, tanto da mãe como do feto, do que benefícios.

“Se uma mulher toma este tipo de medicamento durante a gravidez, ela tem o direito de saber, por meio de evidências científicas, sobre os riscos, benefícios e alternativas à utilização dos mesmos”, disse Adam Urato da Universidade de Tufts.

O médico adverte que estes produtos são produzidos pelas mesmas farmacêuticas que dirigem os estudos para utilização dos mesmos, sem considerar os riscos já constatados.

Assim como a obesidade e a diabetes, a depressão está aumentando a níveis alarmantes nos Estados Unidos. Segundo a Universidade, a depressão é a principal causa de incapacidade entre as pessoas de 15 a 44 anos, e uma em cada 10 está tomando antidepressivos.

O estudo revela que os antidepressivos Prozac, Celexa e Zoloft, os quais atuam como inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), estão vinculados ao aumento da diabetes e enfermidades do coração, e nas mulheres grávidas causam um aumento do risco de parto prematuro e de bebês com baixo peso ao nascerem, além de estarem causando uma interferência no desenvolvimento intelectual e emocional da criança recém-nascida, diz o informe publicado em novembro de 2012.

“Os médicos dizem que os benefícios desses medicamentos está no fato de trazerem muito menos efeitos colaterais que a geração anterior de fármacos antidepressivos”, informa a Universidade. No entanto, não escondem que “para a maioria das mulheres, de fato, o efeito é contrário”.

“As drogas são tomadas pelas mães assim como por seus bebês e os efeitos são muito piores em comparação com as mulheres que não as tomam.”

Isto foi exposto por um grupo de investigadores de Tufts, que revisaram os últimos avanços científicos sobre o uso de ISRS durante a gravidez e foi publicado em um artigo da revista Human Reproduction em setembro de 2012.

Segundo Adan Urato, um estudo após o outro mostrou que os efeitos adversos eram superiores a um possível benefício do medicamento.

Os efeitos que o Dr Urato detalha, são os abortos involuntários, gravidez relacionadas à pressão alta, defeitos genéticos e partos prematuros.

Os investigadores também fizeram estudos que relacionam a exposição fetal aos antidepressivos e detectaram fetos com problemas: cardíacos e respiratórios, de crescimento, retardamento e inclusive o desenvolvimento de autismo.

O Dr. Arato explica que o desenvolvimento fetal é muito complicado e o embrião fica sobrecarregado de receptores de serotonina. Observou-se que essas crianças aprendem a sentar, em média, 16 dias mais tarde do que as outras crianças, e a caminhar 29 dias mais tarde, além de ter duas vezes mais o risco de autismo. Os efeitos também se estendem ao trato intestinal, ossos e sangue.

“Dar uma boa atenção às mulheres não é dizer o que devem fazer. Trata-se de proporcionar a elas as informações corretas, e elas mesmas podem decidir o que fazer. Elas conhecem a si mesmas assim como a severidade de suas depressões melhor que ninguém”, explica o Dr. Arato.

“Uma mulher grávida deprimida é uma situação triste, e todos nós gostaríamos que houvesse algo que pudéssemos dar-lhe sem nenhum risco, porém os fatos que estamos constatando nos obriga a sensibilizar a população”, disse o Dr. Arato.

Os especialistas dizem que há uma falta geral de conhecimento e é muito importante que as mulheres em idade fértil e suas obstetras e ginecologistas estejam conscientes sobre os riscos. “Por que não sensibilizar o público sobre os riscos que citamos?”

“Acredito que o público tem uma opinião incorreta sobre este tema, pois muitos dos principais investigadores e centros de investigação são financiados pelos fabricantes de antidepressivos.”

“Quando a maioria dos principais centros que estão estudando este assunto são financiados pelos fabricantes dos medicamentos, o resultado da investigação e a interpretação do mesmo, segue uma direção já determinada.”

“Gostaria de acreditar na bondade do próximo e dos cientistas, porém o financiamento pesado cria uma pressão sobre o sistema científico em termos de resultado e advertência que o público obtém”, sustenta o Dr. Arato.