Estudo revela enorme disparidade de renda na China rural

26/08/2012 22:36 Atualizado: 26/08/2012 22:36
Dois agricultores chineses da província de Henan em frente ao distrito financeiro de Pudong no horizonte, em Shanghai, em 31 de outubro de 2011. (Mark Ralston/AFP/Getty Images)

Discrepância está próxima da estimativa da ONU para agitação social

Vários estudos recentes com foco na igualdade de renda no interior da China confirmaram discrepâncias surpreendentes na comparação com os salários urbanos.

O coeficiente Gini, também conhecido como o índice Gini, que mede a desigualdade, define zero para a igualdade perfeita e um para a desigualdade máxima. A ONU estima que um coeficiente Gini de 0,4 e acima pode levar a agitação social.

O regime chinês libera estatísticas separadas para regiões urbanas e rurais, ao invés de um índice Gini global para o país. A enorme disparidade na distribuição de renda revelada numa série de estudos podem explicar o porquê.

A diferença de renda está próxima ao nível de alerta da ONU para a agitação social, segundo uma pesquisa recente do Centro de Estudos da China Rural da Universidade Central Normal da China.

Os resultados mostraram uma diferença significativa de renda numa amostra de famílias de agricultores. Os 20% superiores fizeram cerca de 10 vezes mais dinheiro do que os 20% inferiores. Além disso, as famílias com trabalhadores imigrantes foram identificadas com rendimentos mais elevados do que famílias que apenas trabalharam no campo.

A pesquisa também observou que as despesas de educação e médicas ocupam a maior parte da renda total do agricultor médio. Apesar de a educação gratuita ser obrigatória, as despesas dos agricultores para propinas são cerca de 22% de seus salários, enquanto honorários médicos consomem quase 10%.

Em outro estudo recente realizado pela Universidade Tsinghua pelo professor de sociologia Sun Liping, a renda per capita familiar era 65 vezes maior entre os 10% superiores e inferiores.

Esta enorme disparidade pode ser atribuída ao favoritismo do Estado pelas grandes empresas. Mais pesquisas de Sun Liping mostraram que trabalhadores de empresas monopolistas compõem 8% da força de trabalho total do país, mas seus salários, gratificações, abonos e benefícios compreendem 55% da folha de pagamento total do Estado.

De fato, a disparidade de riqueza na China continua a aumentar desde 1980. Li Shi, o diretor do Centro de Pesquisa da Pobreza e Distribuição de Renda da Universidade Normal de Pequim, realizou uma pesquisa de longo prazo sobre a igualdade de renda. Ele descobriu que a diferença entre a renda entre os 10% superiores e inferiores da população aumentou de 7,3 vezes em 1988 para 23 vezes em 2007.

Trabalhadores imigrantes em nove grandes cidades ao longo dos rios Pérola e Yangtzé fizeram cerca de 40% dos salários que suas contrapartes urbanas ganharam, segundo um artigo de 2008 do Diário de Informações Econômicas, um jornal financeiro administrado pela Xinhua, uma agência de notícias estatal chinesa.

Das nove cidades estudadas, a maior lacuna ocorreu em Dongguan, onde trabalhadores imigrantes ganharam em média 971 yuanes (152,89 dólares) por mês, comparados aos ganhos dos trabalhadores urbanos de 3.293 yuanes (518,52 dólares).