Uma pesquisa projetou tendências de desmatamento do Cerrado de 14 milhões de hectares e regeneração de 18 milhões de hectares até 2050.
O Cerrado é o segundo bioma com maior extensão territorial do Brasil, ocupando mais de 23% do território. Possui 33% da biodiversidade nacional e abriga as nascentes de algumas das principais bacias hidrográficas. Ao mesmo tempo, possui grande ocupação agropecuária, principalmente de bovinos, soja e cana-de-açúcar, o que tem sido um fator de desmatamento crescente.
Visando avaliar como conciliar a conservação do bioma com o desenvolvimento agrícola, pesquisadores do Instituto de Geociências (IGC), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolveram mapas com base em avaliações de variáveis socioeconômicas, como o efetivo bovino, ou seja, cabeças por hectare, altitude e atração urbana, para gerar tendências da transformação que o Cerrado vai passar nos próximos 37 anos.
“O estudo constata que o Cerrado tem boa capacidade de regeneração, mas é um bioma sensível, entre outras razões, em função do contato com quase todos os outros biomas – a exceção é o Pampa”, alerta o autor do estudo de mestrado, Thiago Carvalho de Lima em um comunicado.
O pesquisador aponta áreas como Tocantins, Bahia e Piauí estão entre as que sofrem mais pressão pela cultura de soja. Áreas na região central de Mato Grosso e as que fazem divisa com a Amazônia estão entre as mais vulneráveis – devido a maior proteção da Amazônia, o desmatamento tende a ser direcionado para o Cerrado.
O pesquisador também alerta que reduções de percentuais das Áreas de Preservação Permanente (APPs), do Código Florestal aprovado ano passado, terão efeito de liberar estas áreas para uso, o que resultará em aumento de desmatamento, informou o comunicado.
Uma saída para evitar o desmatamento de novas áreas para expansão da agricultura, de acordo com o pesquisador, seria o aproveitamento de terras abandonadas, antes usadas para criação de gado, por exemplo. Trabalhos futuros baseados nesta pesquisa podem incluir territórios mais restritos e com características específicas. “O refinamento dos estudos certamente terá papel importante na elaboração de políticas mais eficazes contra a invasão de áreas vulneráveis”, afirma Thiago no comunicado.
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