É o primeiro estudo aprofundado a respeito do assunto e a época não poderia ser melhor. Consiste numa análise das ferramentas da internet utilizadas por pessoas que vivem em regimes repressores para burlar a censura de informação, analisando o que os usuários que dependem dessas ferramentas enfrentam no seu dia a dia.
Cerca de 400 usuários que utilizam essas ferramentas de internet, que vivem na China, Irã, Birmânia e Azerbaijão, foram pesquisados no uso de 14 ferramentas da internet pela organização sem fins lucrativos Freedom House para saber o porquê de eles usarem-nas. Com dois anos de planejamento e um ano de pesquisa, o relatório sai numa época em que a internet foi usada por manifestantes do Oriente Médio para organizar e derrubar governos repressivos.
“Há um momento na história; e este é ainda mais relevante agora, que o amplo e livre espaço da internet seja defendido”, disse Robert Guerra, um dos autores do relatório e chefe da Iniciativa Global da Liberdade na Internet da Freedom House.
O relatório concluiu que todas as ferramentas avaliadas foram utilizadas regularmente nos quatro países. Certas ferramentas se destacaram em países específicos.
No geral, os pesquisadores ficaram surpresos ao saber que os usuários se preocupavam mais com a velocidade do que com a segurança pessoal. Eles identificaram a necessidade de mais instrução sobre a internet para seus usuários, para que fiquem alerta sobre os perigos de ameaças externas como o malware, que pode ser usado por programas-censores do governo para invadir um computador doméstico e coletar informações sobre o uso ilegal da internet.
“Na maioria dos casos, eles ficam alegres quando conseguem um acesso bem sucedido, e se esquecem da batida na porta (que vem depois)”, disse Cormac Callanan, outro dos autores do relatório e diretor do Aconite Soluções de Internet, além de consultor político em rede internacional de computadores.
Pode ser que ferramentas como o Freegate, Ultra Surf, ou mesmo o Google Reader Cache sejam principalmente concebidas e muito eficazes em permitir que usuários contornem a censura do governo no acesso a internet. Algumas das ferramentas oferecem tecnologias de criptografia, mas geralmente elas não são projetadas para esconder a atividade na internet uma vez que o firewall tenha sido violado.
O relatório inclui um fluxograma, para ajudar os internautas que vivem sob regimes repressivos a determinar quais as ferramentas que funcionam melhor com base nos critérios de velocidade, segurança, privacidade, e se os usuários desejam compartilhar informações online com outras pessoas (ao invés de simplesmente acessarem páginas da rede).
Os autores do relatório distinguem tipos de usuários, indicando que os que simplesmente querem acessar informações podem estar menos sujeitos a riscos do que os que baixam e enviam materiais através da rede.
O relatório recomenda que “ativistas políticos entusiasmados […] não se exponham a riscos de segurança de comunicação”.
Robert disse que é importante que os usuários se eduquem sobre como se manterem seguros. Ele recomenda que aprendam a verificar vírus e malwares, e a usar senhas para proteger seus computadores.
“Particularmente, os indivíduos em risco necessitam empregar uma variedade de ferramentas diferentes”, disse Robert.
O relatório foi financiado pela Agência de Democracia, Direitos Humanos e Trabalho (DRL), um ramo do Departamento de Estado dos EUA.
O DRL recebeu milhões de dólares em financiamento do Congresso ao longo dos últimos anos. Investidores têm dado suporte e aguardado um plano de como o dinheiro será gasto.
Robert sugeriu que, além de financiamentos específicos para ferramentas de evasão de bloqueio da internet, é provável que o DRL financie projetos que envolvam segurança de telefonia celular, privacidade pessoal e proteções de cibersegurança.