Estrelas ‘andarilhas azuis’ encontradas no bojo da Via Láctea

31/03/2012 00:00 Atualizado: 06/08/2013 19:50

O telescópio Hubble captura estrelas andarilhas azuis no bojo da Via Láctea. (NASA, ESA, W. Clarkson/Universidade de Indiana & UCLA, K. Sahu/STScl)

O telescópio espacial Hubble da NASA descobriu um grupo de estrelas incomuns chamadas “andarilhas azuis” pela primeira vez dentro do núcleo da nossa Via Láctea.

As estrelas luminosas azuis são mais quentes, maiores e envelhecem mais lentamente do que outras estrelas em seu aglomerado. Suspeita-se que este grupo de estrelas viva no bojo da nossa Galáxia, há 26 mil anos-luz de distância. No entanto, as estrelas mais jovens obscureceram a visão até o Hubble fazer uma pesquisa em 2006 chamada Pesquisa de Planetas Extrassolares Eclipsados pela Janela de Sagitário (SWEEPS, em inglês).

O telescópio recolheu dados de 180 mil estrelas do denso centro da nossa galáxia, e fez uma viagem de volta dois anos mais tarde para comparar os seus movimentos, e detectou 42 candidatos a andarilhos azuis.

“O tamanho do campo de visão no céu é mais ou menos a espessura de uma unha humana comparada ao comprimento do braço, e, dentro desta região, o Hubble vê cerca de um quarto de milhão de estrelas na direção do bojo [da Via Láctea]”, disse o autor Will Clarkson da Universidade de Indiana, Bloomington, num comunicado de imprensa da NASA.

“Somente a excelente qualidade de imagem e estabilidade do Hubble nos permitiram fazer esta medição num campo tão lotado.”

A equipe de astrônomos pensa que 18 a 37 das estrelas são na verdade andarilhos azuis, enquanto outras poderiam ser pequenos blocos de aglomerados estelares jovens ou simplesmente objetos em primeiro plano.

“Embora o bojo da Via Láctea seja de longe o bojo galáctico mais próximo, vários aspectos fundamentais da sua formação e evolução subsequentes permanecem pouco compreendidos”, disse Clarkson. “Muitos detalhes da história da formação de suas estrelas permanecem controversos. A extensão da população de andarilhos azuis detectados oferece duas novas restrições para os modelos da história de formação das estrelas do bojo.”

Como os andarilhos se formam exatamente permanece desconhecido. Um mecanismo possível é que eles possam colidir com estrelas vizinhas e roubar sua massa, tornando-se mais quentes e mais azuis.

As descobertas foram publicadas no Jornal de Astrofísica.