Autoridades de combate à corrupção na China se armaram com uma “faca afiada” e um “antigo ensaio chinês” para caçar funcionários corruptos em 2015. Eles estão usando as mesmas táticas que usaram no ano passado, e que foram muito bem sucedidas, segundo a mídia estatal Diário do Povo em 4 de fevereiro.
Atraindo o tigre
O antigo ensaio chinês “Trinta e Seis Estratagemas” ensina como seduzir um tigre, fazendo-o deixar sua toca na montanha. Simplificando, o texto propõe a estratégia de deslocar o adversário para onde ele é vulnerável.
Na prática, funcionários corruptos são movidos para postos diferentes, especialmente se sua posição original dava-lhes uma perspectiva privilegiada em que eles podiam manipular o ambiente político a seu favor ou pudessem facilmente destruir qualquer evidência incriminadora.
Uma tática semelhante é enganar os funcionários corruptos fazendo-os acreditar que estão seguros, reinstituindo-os em seus cargos, movendo-os para uma posição mais confortável ou promovendo-os.
O Diário do Povo deu este exemplo: Jiang Jiemin, um executivo da indústria estatal do petróleo, foi colocado sob investigação seis meses após ele ter seu cargo restituído como diretor da Comissão de Administração e Supervisão de Ativos do Conselho de Estado.
Cortando asas
Muitos funcionários de alto escalão do Partido Comunista Chinês (PCC) poderiam manter-se no cargo por muitos anos devido à extensa rede de conexões que construíram ao longo da carreira. Nesse contexto, seria muito perigoso para autoridades anticorrupção avançarem contra figurões bem estabelecidos na política partidária comunista.
Desta forma, a “faca” tem como objetivo cortar as asas primeiramente, ou seja, derrubar funcionários associados e aliados que estão no perímetro da rede de interesse do funcionário visado, explicou o artigo do Diário do Povo.
Com essa abordagem, na província de Shanxi, por exemplo, quatro membros do Comitê Permanente local e sete outros funcionários de nível provincial foram purgados com sucesso em 2014. Autoridades anticorrupção caçaram um após o outro mas sem atacar diretamente o funcionário de mais alto escalão na província.
Afiando a faca atrair a atenção
O expurgo de Yang Weize, o ex-secretário de Nanjing, capital da província de Jiangsu, Leste da China, é um exemplo perfeito de como as autoridades anticorrupção foram capazes de conduzir sua investigação em segredo antes que Yang fosse finalmente derrubado.
Para intimidar outros funcionários ao máximo, é importante que os preparativos para a investigação (“afiar a faca”) ocorram discretamente até que o golpe fatal seja dado em definitivo, esclareceu o Diário do Povo.