Estado Islâmico planeja expandir califado até Noroeste da China

28/10/2014 14:37 Atualizado: 28/10/2014 14:37

Uma nova revista de recrutamento da Al-Qaeda publicou uma seção de duas páginas que lista os abusos sofridos pelos uigures em Xinjiang, a região nativa dos uigures no extremo Noroeste da China, cujos uigures chamam de Turquestão Oriental.

A revista “Ressurgência” foi lançada há pouco pelo ramo propagandista da Al-Qaeda, a organização de mídia Al-Sahab. O infográfico aparece em sua primeira edição.

O infográfico apresenta “10 fatos” sobre Xinjiang e diz que a região “manteve-se independente da China por mais de 1.800 anos”, mas que nos últimos 237 anos ela esteve “sob ocupação chinesa em vários intervalos”.

E continua, observando que depois que o Partido Comunista Chinês (PCC) assumiu o controle da região em 1949, mais de 4,5 milhões de muçulmanos foram mortos pelo regime chinês. A revista afirma que o regime comunista chinês queimou cerca de 30.700 textos religiosos muçulmanos, transformou 28.000 mesquitas em bares, transformou 18.000 mudrassas em depósitos e executou mais de 120 mil sábios muçulmanos e imãs.

A lista de crimes da China contra os uigures poderia se estender bem mais, incluindo seus testes de armas nucleares perto de áreas povoadas e sua repressão violenta e frequente do povo uigur.

A revista quase faz um chamado para atacar a China, mas alega em outra seção que este movimento islâmico trará “amarga derrota para a América, Irã, Rússia, China e todos aqueles que participaram nesta guerra por procuração contra os muçulmanos”.

O texto também afirma que, se o Acordo Sykes-Picot for abolido, pessoas no Paquistão, Xinjiang e outros países muçulmanos serão capazes de viver sob o califado islâmico. O Acordo Sykes-Picot foi aprovado em 1916 e dividiu as províncias árabes do Império Otomano.

A revista é a primeira em língua inglesa da central da Al-Qaeda, segundo o The Diplomat. Ela parece ter influência da “Inspire”, que é uma revista semelhante em inglês publicada pela Al-Qaeda na Península Arábica. Ambas as revistas parecem compartilhar um objetivo semelhante, recrutar terroristas solitários para lançarem seus próprios ataques.

Os artigos enfocando na China poderiam ser parte das tentativas da Al-Qaeda de recuperar alguma autoridade, enquanto a atenção se deslocou para o Estado Islâmico, também identificado como ISIS ou ISIL.

Abu Bakr al-Baghdadi, líder do ISIS, clamou por vingança contra vários países, incluindo a China, em julho de 2014, e seu discurso fez manchete no início de agosto, segundo a Foreign Policy.

Baghdadi teria dito que “os direitos muçulmanos são negados à força na China, Índia, Palestina”. A mídia chinesa também circulou um mapa com origens não confirmadas, que supostamente mostra os planos de conquista do ISIS nos próximos cinco anos, incluindo Xinjiang.

A Foreign Policy observa que as ameaças contra a China provenientes de grupos terroristas “podem constituir uma grande oportunidade para as autoridades chinesas”. O regime chinês poderia usar as ameaças como desculpa para legitimar sua supressão dos muçulmanos na região de Xinjiang.

“Em qualquer caso, Pequim estaria alarmada pela crítica de seu tratamento dos uigures muçulmanos e sobre o plano do ISIS de abarcar Xinjiang, independentemente do quão improvável seja a ideia”, afirma a Foreign Policy. “Mas quão ativamente as autoridades chinesas lidarão com qualquer ameaça [do ISIS] é algo a se observar.”