Dinamarca é menos desigual que Hong Kong e Suíça e todos esses países possuem alto índice de desenvolvimento humano (IDH), renda, expectativa de vida e PIB per capita, mas até que ponto isso significa que a Dinamarca está em melhor situação que os outros dois? A busca pela igualdade social é o motor do ‘Estado de bem-estar social’ (Welfare State).
Contudo, a desigualdade é relativa e a miséria absoluta. Se eu ganho R$ 1 mil e você ganha R$ 1.001, logo, estamos em desigualdade, embora isso não mude em absolutamente nada nossas vidas. Combater a desigualdade social é dar murro em ponta de faca, enquanto o verdadeiro problema, a miséria, continua a assolar a sociedade.
O problema não são pessoas que ganham pouco em relação a outras, mas as que não têm o mínimo do mínimo para sobreviver. Se uma sociedade inteira for formada por pessoas miseráveis, ou seja, que não ganham absolutamente nada, poderemos dizer que é uma sociedade com ampla igualdade social e pouca ou nenhuma desigualdade, sem que isso tenha qualquer efeito positivo.
Se compararmos o Índice de Liberdade Econômica com o ranking mundial do IDH, veremos que os países mais livres são os que possuem melhores colocações. Também verificaremos que os países onde houve maior avanço da liberdade nos últimos 10 anos são também os que mais ganharam posições em igual período, se compararmos o ranking do IDH de 10 anos atrás com o atual, enquanto os que têm “elementos socialistas” não avançaram nada em liberdade, ao contrário, regrediram muito, e perderam posições.
O IRBES (o índice que mede o retorno dos impostos aos cidadãos por meio de serviços nos 30 países com maior carga tributária em porcentagem do PIB) colocou a Dinamarca, Suécia, Noruega, Itália e Brasil nas últimas posições, enquanto os que tinham as menores porcentagens entre os 30 países (de impostos em relação ao PIB) ocuparam as primeiras posições, sendo a Austrália e os Estados Unidos respectivamente os que tinham menos impostos no PIB e 1º e 2º colocados do IRBES.
Socialismo e liberalismo/libertarianismo são opostos e não há possibilidade de haver fusão de ambos. Uma sociedade que tente algo tão absurdo terá problemas sérios no longo prazo, como enfrentam a própria Dinamarca, Suécia e Noruega, com seus Welfare States, que já sentem os efeitos de haver mais pessoas vivendo à custa de benefícios estatais do que pelo próprio trabalho.
A Dinamarca cortou benefícios aos “mais ricos”, contudo, não havendo quaisquer efeitos benéficos para a sociedade, começou a cortar dos “menos ricos” e assim será até que tenha de cortar dos “pobres” e continuar reavaliando o que é “direito” e o que é “serviço”. Não a toa foi o país que pior passou pela crise imobiliária e mundial desde 2007, entre os países escandinavos. Lembrando que os cidadãos dinamarqueses são os mais endividados do mundo, com a maior carga tributária e que um pobre na Dinamarca tem maiores ganhos do que um indivíduo de classe média no Brasil, na Argentina, etc.
E quando metade da população trabalha para sustentar a metade que não trabalha (a proporção chega a ser maior nos países citados) e essa primeira metade percebe que está sustentando a outra metade inativa, então, a primeira decide também não trabalhar, mas se ninguém trabalha, não há geração de riqueza e sem geração de riqueza não haverá renda a ser distribuída. Temos então o completo colapso dessa sociedade.
Por isso, ou há socialismo/comunismo/socialdemocracia/keynesianismo e variantes, ou há liberalismo/libertarianismo, ambos jamais serão compatíveis, mesmo no mínimo que se pudesse sugerir.
O liberalismo e o libertarianismo são os sistemas que melhor combatem a miséria (o verdadeiro problema), diminuindo-a aos níveis mínimos, ou até aniquilando-a. Sempre onde houver mais liberdade para empreender e prevalecer de fato o livre mercado, a concorrência obrigará as empresas a constantemente investirem em qualidade e preços baixos de produtos e serviços, haverá mais oferta de emprego, geração de riquezas e distribuição de renda por meio de salários, prêmios, bonificações, comissões, enfim, através do próprio trabalho e esforço, uma verdadeira meritocracia.
Numa sociedade de livre mercado, que só existe no liberalismo e no libertarianismo, as empresas investem em mão-de-obra qualificada, seja buscando pronta no mercado, ou qualificando-a elas mesmas, conforme suas necessidades, valorizando os trabalhadores que aumentam seus rendimentos e colaboram positivamente com a atividade econômica.
No socialismo/comunismo/socialdemocracia e demais doutrinas aparentadas, o indivíduo não é livre para além do que o Estado entende que ele deve ser e, portanto, deve obediência ao Estado e seus governantes, independente das arbitrariedades que estes venham a cometer. As políticas intervencionistas impedem a existência do livre mercado, sucateando produtos e serviços, aumentando os custos de empresários, empreendedores e trabalhadores, e gerando estagnação geral em detrimento dos próprios trabalhadores que supostamente pretendiam ajudar.
Mas uma coisa eu devo admitir. A igualdade social só é possível no socialismo/comunismo, mas apenas entre os cidadãos, que são todos igualmente miseráveis, enquanto os governantes são desiguais, um regime de ‘uns mais iguais que os outros’.
Roberto Barricelli é jornalista e assessor de imprensa do Instituto Liberal
Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Roberto Lacerda