O Palácio do Planalto recebeu nesta segunda-feira (4) pedido oficial de audiência com a presidente Dilma Rousseff por parte de Lilian Tintori, mulher do líder de oposição na Venezuela, Leopoldo López, preso sob acusação de incitar protestos contra o ditador bolivariano Nicolás Maduro.
Em documento escrito em espanhol, com data de 14 de abril, Lilian pede uma reunião com a presidente “para falar da prisão injusta” de seu marido “e da situação de deterioração do respeito aos direitos humanos” na Venezuela. “Sei que, como vítima da ditadura, a senhora entende a dor de uma prisão injusta e de governos repressivos”, escreveu a mulher de López, preso há mais de um ano.
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A Presidência confirmou que o pedido foi protocolado, porém ainda não sabe se a presidente Dilma ou algum representante do governo irá ou não receber Lilian. A mulher de López, líder do partido venezuelano Vontade Popular, chega a Brasília no fim da noite desta quarta-feira (6) e espera um lugar na agenda de Dilma até sexta-feira (8), quando deixa a capital.
Nesta quarta-feira, familiares do ex-prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, também preso, pediram apoio de senadores brasileiros aos líderes da oposição detidos por suposta conspiração contra o governo do ditador Nicolas Maduro. A filha e a mulher de Ledezma esperam que o governo e o Congresso brasileiro atuem diplomaticamente em favor dos presos políticos.
Nesta quinta-feira (7), as duas mulheres dos presos vão participar de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado e devem ser recebidas pelo presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). “Esperamos apoio, que todos saibam o que estamos vivendo com presos políticos, estudantes torturados. Esperamos muito desse governo porque a presidente (Dilma Rousseff) sofreu muito na ditadura, torturas, sabe muito sobre o que vivemos”, disse a filha de Ledezma, Mitzy Ledezma. A filha do ex-prefeito visitou o senador José Serra (PSDB-SP) acompanhada da mãe, Mitzy Capriles de Ledezma.
No exercício de seu mandato como prefeito de Caracas, Ledezma foi preso por agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional em fevereiro deste ano. A mulher de Ledezma criticou o governo Maduro ao afirmar que a liberdade de expressão está “estrangulada” na Venezuela, assim como outros direitos como a liberdade para líderes oposicionistas. “Respeitamos profundamente o pensar diferente. Queremos respeitar a maneira de pensar de todos, mas também queremos que nós, como opositores, sejamos respeitados”.
Serra disse que o governo da Venezuela está desrespeitando uma das regras do Mercosul que é a quebra da democracia no país; por isso, o Itamaraty e o Palácio do Planalto devem pedir explicações a Maduro. O tucano defende o envio de uma comissão de senadores brasileiros a Caracas para acompanharem a situação dos presos.
O presidente do Senado já autorizou a ida dos congressistas, mas a viagem ainda não foi marcada. Mitzy, a mãe, e Lilian se encontraram nesta terça-feira (5) com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).