Especialistas em cibersegurança global propõem adaptar estratégia

09/08/2012 03:00 Atualizado: 09/08/2012 03:00

(Cortesia do Departamento de Defesa dos EUA)A cibersegurança está rapidamente assumindo a dianteira e o centro entre as empresas e os governos, enquanto adolescentes hacker-ativistas unem forças com sociedades anarcohackers, grupos criminosos organizados visam o mercado do ciberespaço e campanhas estatais de ciberespionagem continuam a bisbilhotar redes sensíveis.

Por estas razões, alguns dos maiores nomes da indústria de cibersegurança convergiram na Universidade Belfast, na Inglaterra, em março para o 2º Encontro Mundial de Cibersegurança. Após uma série de sessões de debate, foi composta uma nova estratégia para proteger os sistemas de computadores globais da nova agitação dos cibercriminosos.

As discussões não foram apenas palavras vazias e com a Lei de Cibersegurança de 2012 sendo derrubada no Senado dos EUA na semana passada, os elementos desta nova estratégia poderiam estabelecer uma base para o futuro da cibersegurança. Os participantes incluíam o diretor da Divisão de Cibersegurança da Segurança Nacional no EUA, o Dr. Douglas Maughan, e CEOs e CTOs das melhores empresas no mercado de software antivírus.

“Este relatório elabora uma visão para o tipo de pesquisa necessária para resolver os desafios de cibersegurança nos próximos anos”, disse David Crozier, gerente de marketing técnico do Centro para Tecnologias de Informação Segura (CSIT) da Universidade Belfast, via e-mail.

Crozier acrescentou que uma vez que este é mais um roteiro para onde a cibersegurança deve ir em seguida, a tecnologia para isso ainda não existe.

“O roteiro inspirará a pesquisa que finalmente levará a alguns dos desafios tecnológicos que estão sendo resolvidos e trazidos para o mercado por empresas que licenciam a propriedade intelectual produzida”, disse Crozier, observando que isso poderia levar entre 5 e 15 anos para ver os sistemas plenamente desenvolvidos e operacionais.

As duas principais áreas de foco são os dispositivos móveis, porque mais usuários estão navegando na web com tablets e smartphones, e proteger os sistemas de utilidade crítica em que ciberataques podem ter consequências devastadoras.

Crozier disse que esse foco não é sem uma boa razão e que “tendências e estatísticas bem publicadas mostram uma mudança da computação de desktop para dispositivos móveis como método preferido do usuário final de acessar a internet e participar online.” Estima-se que o número de dispositivos móveis conectados à internet cresça para 50 bilhões até 2020, disse ele.

“Isso apresenta tanto grandes oportunidades assim como riscos enormes de uma perspectiva de cibersegurança”, disse ele. “Essas oportunidades e riscos apresentam muitos desafios tecnológicos que precisam ser pesquisados. Como uma instituição de pesquisa, nossa força vital é representada por estes desafios complexos que precisam ser resolvidos.”

O relatório também estabelece duas estratégias para fazer isso. A primeira reflete planos do Pentágono de desenvolver sistemas inspirados na natureza que possam se adaptar e responder rapidamente a novos ataques. A outra é desenvolver pesquisa de cibersegurança como uma hidra de várias cabeças que possa resolver todas as facetas do cibercrime de uma só vez.

Crozier elaborou sobre isso um pouco, observando que a cibersegurança inspirada na natureza “se refere a analisar como organismos naturais optam por defender-se contra ataques de ameaças conhecidas e desconhecidas e de predadores”, em seguida, construir novos algoritmos para se defender contra essas ameaças. Isso também é conhecido como biomimetismo.

A abordagem multicabeças dá um passo mais adiante, rompendo com o conceito de que ameaças cibernéticas podem ser enfrentadas através de uma abordagem única.

Em relação ao plano geral, Crozier disse, “O cibercrime não é diferente do crime comum em que há muitas vítimas inocentes, seus efeitos custam muitos bilhões de libras e seus autores se adaptam e alteram as técnicas que usam constantemente.”

“A visão do CSIT é estabelecer-se como um líder do pensamento global em tecnologias de cibersegurança através da conexão da indústria, academia e governo para combater as ameaças cibernéticas emergentes, através da criação de tecnologia inovadora e de liderança mundial”, disse ele.