O regime chinês tem impulsionado os investimentos na Europa durante a crise da dívida na União Europeia, mas apesar da conturbada região precisar do dinheiro, há razões para cautela, segundo dois especialistas. Professores de economia e administração descreveram o que argumentaram como agendas secretas que têm pouco a ver com negócios.
O professor Xie Tian, da Escola de Administração da Universidade da Carolina do Sul Aiken, disse à emissora nova-iorquina NTDTV que ele acha que o investimento é feito para silenciar questões de direitos humanos e ajudar o Partido Comunista Chinês (PCC) a adquirir tecnologia militar e armas do continente europeu.
“O PCC está sob pressão da comunidade internacional por suas questões de direitos humanos. Os governos da Europa Ocidental denunciam as violações de direitos do PCC. O PCC desvia a pressão através de investimento econômico”, disse ele. “Então, o PCC certamente tem outros motivos ocultos além de ganhar dinheiro.”
Ele acredita que o Partido Comunista espera que investir o ajudará a obter tecnologia militar da Europa e sofrer menos restrições à exportação de armas da Europa para a China.
“No entanto, o Ocidente realmente sabe disso, por isso, não venderá sua verdadeira alta tecnologia de armas para o PCC”, segundo Xie Tian.
Xia Yeliang, professor da Faculdade de Economia da Universidade de Pequim, disse numa entrevista também com a NTDTV que nas últimas décadas os investimentos estrangeiros do regime chinês trouxeram pouco retorno em receita. Ele disse que acha que os investimentos não são sempre para conseguir lucros.
Xia Yeliang referiu-se as perdas financeiras e as falências de empresas chinesas apoiadas pelo Estado, incluindo algumas envolvidas em investimentos no exterior. “É difícil dizer que estes tipos de investimentos chineses são exclusivamente para fins econômicos. Em muitos casos, esses investimentos têm um propósito político forte”, diz ele.
Eles são destinados tanto a “fortalecer a influência da China” na Europa como para “produzir um impacto psicológico” em linha com objetivos mais amplos de diplomacia pública.
Quando investimentos fluíram da Europa para a China, problemas surgiram, segundo a revista francesa Liberation. Ela citou um empresário francês na China que decidiu retirar sua empresa da China devido à corrupção e falta de segurança.
E mesmo com uma infusão maciça de fundos, Xie Yeliang não acha que a influência será descomunal. “O PCC não está ainda no ponto de verdadeiramente influenciar ou manipular a economia europeia. No que diz respeito à China, isso é grande parte do total de investimentos estrangeiros da China. Mas, na verdade, seu montante total é muito, muito pequeno. A escala também é muito menor do que o investimento de capital do Japão ou Coreia do Sul na Europa.”