Ultimamente, muitos dos e-mails que recebi foram de homens. Por quê? Porque um grupo de especialistas dos Estados Unidos informou recentemente que homens saudáveis não precisam fazer o teste do PSA (Antígeno Prostático Específico) para diagnosticar o câncer da próstata.
Para muitos, isto é como condenar a maternidade ou a torta de maçã, já que milhares de homens rotineiramente se submetem a este teste a cada ano.
Vários especialistas em câncer no Canadá criticaram abertamente este relatório. Eles argumentam que o teste de PSA, embora não seja perfeito, pode salvar vidas.
No entanto, o comitê de especialistas dos EUA afirma que não tem efeito significativo sobre o número de mortes, e muitas vezes o resultado final são sérias complicações derivadas do tratamento. Então, quem está certo?
Isso é como perguntar quantos anjos podem dançar na cabeça de um alfinete. Nenhum de nós sabe a resposta. E ninguém sabe a resposta definitiva para o dilema do câncer de próstata.
Então, o que sabemos ao certo sobre o teste de PSA? O teste de PSA mede no sangue o nível de uma proteína produzida pela glândula da próstata.
Porém, o teste não é específico para o câncer. Três em cada quatro homens com o aumento dos níveis de PSA não têm malignidade. Em vez disso, a elevação de PSA é devido a um aumento da glândula, uma inflamação ou uma infecção.
Há ainda o debate sobre qual o nível de PSA é indicativo de câncer de próstata.
O nível aceitável é de 4,1. Mas há alguns anos, um relatório no New England Journal of Medicine afirmou que esse valor perde 15% dos tumores malignos da próstata.
Em seguida, um estudo da Universidade do Texas mostrou que 6,6% dos homens com um nível de PSA em 0,5 possuia câncer de próstata! Parece que nenhum nível é totalmente seguro.
O que preocupa o comitê de especialistas dos EUA é que ter um aumento do nível de PSA gera uma série de eventos que muitas vezes causam mais mal do que bem.
Por exemplo, para determinar se está presente um cancro, várias biopsias da próstata devem ser feitas. E se o câncer for descoberto, ele deverá ser sempre tratado?
Como cabelos ficando grisalhos
A evidência sobre o câncer de próstata é como os cabelos ficando grisalhos. Autópsias mostram que até aos 70 anos de idade, cerca de 50% dos homens têm câncer microscópico na glândula. Se é um câncer de crescimento lento, pode demorar 15 anos para causar a morte.
Neste meio tempo, a morte pode ocorrer por outras causas. Como falecido Dr. Willet Whitmore, uma autoridade mundial em câncer de próstata, observou: “Envelhecer é invariavelmente fatal, o câncer de próstata nem sempre.”
Porém, será que o teste salva vidas? A maioria das autoridades diria que sim, mas questionam os números.
Por exemplo, o New England Journal of Medicine relatou um estudo europeu que seguiu 162 mil homens por 10 anos. Daqueles que não fizeram o teste, 326 morreram. Mas daqueles que receberam o teste, 214 ainda assim morreram. Uma diferença de 112 mortes em 162 mil homens não é muito impressionante.
Então aqui está o grande dilema: O teste de PSA salva algumas vidas, mas também pode resultar em complicações graves devido a cirurgia ou outras terapias.
Ser jornalista e médico me torna mais ciente deste fato que outros, pois recebo feedback considerável dos leitores.
Muitos disseram que se soubessem que usariam fraldas para o resto da sua vida ou ficariam impotentes, nunca teriam concordado com o tratamento. Assim, em alguns casos, especialmente com os homens idosos, é melhor viver com o mal que se conhece do que aquele que não se conhece.
Eu também acredito que as complicações são propositadamente pouco divulgadas. Um paciente com incontinência urinária é muito mais consciente do aborrecimento do que o cirurgião que executou a operação.
Então, é preciso a Sabedoria de Salomão, cuja eu não tenho, para saber se é prudente fazer uma cirurgia ou outras terapias, caso o câncer de próstata seja diagnosticado.
Você deve fazer um teste de PSA? Eu gostaria de ter a resposta para você. No final, só você e seu médico podem tomar essa decisão importante.
O Dr. Gifford-Jones é jornalista e médico, que exerce clínica privada em Toronto. O seu website é DocGiff.com. Pode ser contatado pelo email info@docgiff.com