Especialista fala sobre falhas da medicina moderna

23/05/2014 09:57 Atualizado: 23/05/2014 09:57

A medicina moderna se sobressai ao lidar com emergências médicas, certas infecções bacterianas, cuidados com trauma e complexas técnicas cirúrgicas heroicamente.

Entretanto, os médicos encontram-se extremamente desafiados pela miríade de novas e crônicas doenças que atualmente preenchem nossos hospitais e clínicas. Além disso, seu treinamento lhes dá apenas o pequeno recurso de oferecer medicamentos para lidar com essas doenças.

Medicina moderna: origem e filosofia

As raízes da medicina moderna são as drogas e procedimentos médicos baseados em cirurgia que podem ser rastreados até o tempo de Rene Descartes (1596–1650), o famoso cientista e filósofo retratado por sua visão de mundo racionalista e dualística. Suas ideias conduzem à separação da “mente” e do “corpo”.

No meio do século XIX, a descoberta de micróbios como a causa de doenças foi adicionada posteriormente ao alicerce da teoria médica moderna. Naquele tempo, havia duas teorias opostas concernentes à causa de doenças.

Uma teoria sustentava que micróbios infecciosos conhecidos como germes (bactéria, vírus e fungo) causavam doenças. A outra mantinha que tais micróbios somente se tornavam infecciosos se as condições dentro do corpo fossem certas para eles, quando havia desequilíbrio em vários sistemas do corpo.

De acordo com a última teoria, conservar saudável o ambiente interno do corpo é a chave para garantir que tais micróbios não levem à infecção e assim, à doença. Entretanto, no fim, a teoria do germe da doença, advogada por Louis Pasteur (1822–1895), tornou-se dominante.

A teoria do germe anuncia o nascimento da medicina moderna, com sua ênfase na causa infecciosa da doença ao invés da criação e manutenção da harmonia e equilíbrio fisiológico. Seu nascimento foi seguido pela descoberta de medicamentos antibacterianos (antibióticos), tais como medicamentos de penicilina e sulfa.

Entretanto, quanto mais a ciência médica abraçava a teoria do germe da doença, mais ela se focava em tratar aspectos específicos das doenças. Eliminar sintomas e modificar fatores externos suplantou o papel do indivíduo em sua própria saúde.

“A maioria dos medicamentos vendidos sem prescrição e quase todos os tratamentos médicos prescritos simplesmente mascaram os sintomas, controlam problemas de saúde ou de alguma forma alteram o modo como os órgãos ou os sistemas trabalham. Os medicamentos quase nunca lidam com as razões do porquê desses problemas existirem, ao passo que frequentemente criam novos problemas de saúde com seus efeitos colaterais ou suas atividades”, escreveu Dr. John R. Lee, M.D. (1929–2003), pioneiro reconhecido internacionalmente e perito no assunto de terapia de substituição de hormônios para mulheres.

“Perdido nessa abordagem está o conceito de reparar os desequilíbrios que, antes de tudo, permitiram que a doença ocorresse. A ciência médica se tornou unilateral em seu foco, progressivamente perdendo a visão da pessoa como um todo na sua tentativa de tratar as partes individuais do corpo.”

“Se pensamos no corpo como uma casa, vemos que os problemas residem nas brechas e avarias que ocorrem na fundação, permitindo que várias pestes construam seu caminho para dentro. O médico contemporâneo lida com esse problema lhe vendendo veneno ou armadilhas para matar ou capturar as pestes. Mas isso ainda não previne que outras indesejáveis venham pelas brechas no futuro.”

“Quão melhor seria seu médico aprender onde os buracos estão e ajudá-lo a repará-los, enquanto lhe ensina a se prevenir de que ocorram novamente”, escreveu Lee.

O médico e químico alemão, Samuel Hahnemann (1755–1843), reconheceu as limitações para a medicina de tal abordagem baseada nos sintomas, bem como seu potencial de causar danos aos pacientes. Ele cunhou o termo alopatia (que significa “outro sofrimento”) para descrever o que, na sua visão, era um método equivocado e inadequado de tratamento e prevenção da doença.

Desafios na medicina moderna

Os médicos se confrontam diariamente com pacientes que sofrem de doenças para as quais a medicina moderna geralmente oferece tratamento superficial para os sintomas. Entretanto, a mágica dos antibióticos está se desvanecendo conforme uma multidão de infecções resistentes emerge. Além disso, um crescente número de pessoas carece de vitalidade e sofre de uma miríade de queixas que são difíceis para a comunidade médica definir.

A maioria dos adultos e muitas crianças hoje em dia sofrem de sintomas de alergias, dores de cabeça, falta de energia, fadiga excessiva e vários distúrbios digestivos e respiratórios, juntamente com uma variedade de estados emocionais, incluindo depressão, oscilações de humor e ansiedade.

A essência da medicina moderna pode ser descrita por uma metáfora de guerra. A doença é considerada uma invasão inimiga e o tratamento visa desenvolver “balas mágicas” na forma de remédios e vacinas para eliminar aquele inimigo. Quando balas de prata não podem ser encontradas, a medicina moderna vale-se de massacres na forma de tratamentos de radiação para matar células e medicamentos químicos (tais como quimioterapia).

Como as balas dos soldados a pé que lutam na linha de frente para vencer as batalhas, a medicina moderna salva e prolonga muitas vidas. Contudo, a qualidade das vidas salvas pode não ser muito melhor do que a qualidade de vida daqueles vivendo em zona de guerra, devido à multidão dos efeitos colaterais dos medicamentos.

A fim de criar paz duradoura, as nações precisam de líderes sociais e diplomatas os quais possam mediar e mudar o modo como as pessoas agem e veem o mundo. Na medicina, doutores da medicina alternativa são esses líderes sociais e diplomatas—menos equipados para vencer uma batalha armada, mas frequentemente muito mais capazes de prevenir ou verdadeiramente reconciliar conflitos entre células, químicas e tecidos.

Sammy Li tem M.D. e Ph.D. da Universidade de Pequim. Ela vive na Suíça e trabalha como perita médica e científica em uma companhia médica internacional de pesquisa e desenvolvimento