Especial Brasília: Esboços de uma Capital – Parte 1

21/04/2014 00:30 Atualizado: 21/04/2014 00:32

Com mais de 2,5 milhões de habitantes, a capital do país chega aos 54 anos nesta segunda-feira, 21 de abril. Idealizada por Juscelino Kubitschek, Brasília é considerada Patrimônio Mundial pela Unesco e recebe, ainda hoje, milhares de imigrantes vindos de todas as partes do país. Apesar de nova, a cidade já guarda muita riqueza em sua história; é alvo de polêmicas e serve de inspiração para artistas. Leia abaixo a parte 1 da história de nossa capital federal.

Grupo de pesquisadores da Missão Cruls em foto oficial. (Arquivo Público do Distrito Federal)

A construção de Brasília foi um grande marco para a América Latina na década de 1960. A fusão entre os trabalhos de nomes como Athos Bulcão, Lúcio Costa, Burle Marx e Oscar Niemeyer resultou no tombamento pela UNESCO como Patrimônio Mundial da Humanidade.

Um capítulo pouco conhecido é que a construção da nova capital foi prevista em sonho por Giovanni Melchior Bosco, conhecido como Dom Bosco. O religioso italiano canonizado pela Igreja Católica em 1934, sonhou no dia 30 de agosto de 1883 com um rapaz que teria sido enviado por Deus e que o convidava a fazer uma viagem pelas terras férteis da América Latina.

Em sonho, o rapaz disse “Quando se escavarem essas minas escondidas em meio a esses montes aparecerá aqui a terra prometida que jorra leite e mel. Será uma riqueza inconcebível”. Após a construção de Brasília, Dom Bosco foi eleito como padroeiro da cidade.

Pesquisa visionária da Missão Cruls

O ex-presidente Floriano Peixoto ordenou a formação de um grupo de pesquisa para avaliar regiões que ocupariam a nova capital. Chamada de Missão Cruls, em homenagem a Luiz Cruls – diretor do Observatório Astronômico do Rio de Janeiro – a Missão foi a primeira a pesquisar a região do Planalto Central que posteriormente se transformaria no Distrito Federal.

Cruls formou uma equipe composta por 21 pesquisadores, entre eles médicos, engenheiros, botânicos, geógrafos, geólogos e higienistas. A Missão percorreu 4 mil quilômetros partindo do Rio de Janeiro até Uberaba, Minas Gerais. A grande quantidade de mata virgem da região mineira fez com que Cruls realizasse cálculos diários em busca de pontos de referência para a geolocalização, baseado na posição das constelações.

O professor e doutor em Arquitetura da Universidade de Brasília (UnB), Frederico Flósculo justifica a escolha dos especialistas pela região que hoje abriga Brasília: “Os mapas hidrográficos sul-americanos indicavam que essa região era um ponto de encontro das nascentes dos rios Amazonas, São Francisco e Prata, local ideal para construção de uma nova cidade”, esclarece.

A dedicação do grupo resultou em pesquisas profundas como mapeamentos climáticos e topográficos, análise de características urbanísticas e arquitetônicas das cidades que serviam como rota até o Planalto Central, além de estudos inéditos relacionados à flora e a fauna do Centro Oeste brasileiro. O bioma do cerrado alcançaria a posição de destaque entre os seis maiores biomas do Brasil.

Mapa brasileiro sinaliza o local da nova capital. (Arquivo Público do Distrito Federal)