Consequências do desequilíbrio do efeito estufa – as mudanças climáticas e o aquecimento global – têm chamado atenção global nos últimos anos. Com isso, são muitos os estudos que avaliam processos que emitem os gases causadores do efeito estufa (metano, vapor de água, dióxido de carbono, óxido nitroso, clorofluocarbonetos e o ozônio).
A bacia amazônica, como vimos, é a maior do mundo, formada por 25 mil km de rios navegáveis, em cerca de 6,9 milhões km2, dos quais aproximadamente 3,8 milhões km2 estão no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O rio Amazonas, o maior do planeta, com suas nascentes localizadas na cordilheira dos Andes, percorre mais de 3.500 km, até desaguar no oceano Atlântico, drenando uma área de cerca de 6 milhões de km².
Apesar da abundância das águas amazônicas, são poucos os estudos conduzidos para conhecer os efeitos e contribuições que os rios da amazônia têm no efeito estufa.
Um dos especialistas que relaciona o efeito estufa causado pelas ações antrópicas em barragens e reservatórios de hidrelétricas é Philip M. Fearnside, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Em seus artigos, Fearnside explica que hidrelétricas emitem gases de efeito estufa, sobretudo metano – formado pela decomposição de matéria orgânica na ausência de oxigênio no fundo dos reservatórios.
Em estudo publicado no Oecologia Australis pelos pesquisadores Salvador Pueyo e por Fearnside, eles provaram que as estimativas oficiais de emissão de metano nas hidrelétricas brasileiras estavam subestimadas. Nos 33.000 km2 de reservatórios brasileiros, a estimativa calculada pelos pesquisadores era três vezes mais alta que os dados dos órgãos oficiais.
Os mesmos autores avaliaram em um artigo publicado na Revista Nature em maio de 2012 que: “As emissões de hidrelétricas tropicais significam que esta energia não é limpa e que estes países precisam se comprometer em fazer uma supressão mais profunda nas emissões antrópicas de gases estufa do que eles estão dispostos a considerar até agora”.
Não apenas atividades antrópicas emitem gases de efeito estufa. Um estudo inédito que será publicado em breve irá demonstrar a influência que os rios amazônicos têm naturalmente sobre o efeito estufa.
A medição de metano naturalmente emitido pelos rios Negro, Xingu, Tapajós e Amazonas é o tema do estudo do biólogo Henrique Oliveira Sawakuchi em sua pesquisa de doutorado no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA) da Universidade de São Paulo (USP).
Segundo o biólogo, os rios naturalmente emitem gás metano, mas isso não quer dizer que estas fontes naturais sejam os “vilãs” causadoras do efeito estufa.
“No geral, as fontes naturais como os rios, as áreas naturalmente alagáveis, lagos, oceano com emissões de origem geológicas, animais silvestres, etc, não influenciam o aquecimento global, pois elas sempre existiram, certo? Conhecer e quantificar o quanto estas diferentes fontes naturais emitem é importante para uma avaliação mais precisa da parcela de gases que foram gerados pela ação humana”, explica.
O estudo ainda está em processo de obtenção dos resultados finais da pesquisa, mas o biólogo já alerta que alterações presentes e futuras no ambiente natural estudado poderiam gerar perturbações negativas nele.
“Temos que reduzir as emissões geradas por fontes antrópicos e não tentar mexer no que é natural para tentar compensar o que é antrópico, isto seria um grande erro”, conclui.
A pesquisa faz parte do projeto temático “The role of rivers on the regional carbon cycle” do Programa FAPESP de pesquisas sobre mudanças climáticas globais.
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