O sucesso é sempre relativo. Assim, dado que o mercado chinês só caiu 1,3% na quarta-feira, ele pode ser considerado um sucesso em comparação com os 7% dos dias anteriores.
No entanto, o fato de o mercado cair demonstra que os cortes nas taxas feitos na terça-feira foram completamente ineficazes na mudança de sentimento, que dizer então dos fundamentos econômicos. O entusiasmo do Ocidente em relação ao esforço da China em estimular o mercado de ações e a economia diminuiu muito: primeiro os mercados subiram e, em seguida, fecharam na maior reversão desde o evento Lehman em 2008.
Pequim parece considerar a intervenção direta no mercado muito cara. Diante da conclusão, já recorreram a táticas mais duras e fizeram bem em sua promessa de deter as “maliciosas vendas a descoberto”.
Uma dessas táticas é a prisão forçada de investidores. Ninguém sabe realmente se Xu Gang, diretor-gerente da maior corretora chinesa chamada CITIC Securities, é um malicioso que vende a descoberto, mas ele foi preso de qualquer maneira. É como se a polícia federal entrasse agora no escritório da Goldman Sachs e prendesse um dos principais diretores de lá.
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No início desta semana, os censores também proibiram a imprensa de usar termos como “crash da bolsa”, a fim de suprimir o sentimento cada vez mais negativo em relação ao mercado chinês. O órgão já havia ameaçado prender jornalistas que supostamente estavam espalhadando “informações falsas sobre ações e futuro da economia”.
Um repórter da revista Caijing, aparentemente, não recebeu a mensagem e escreveu uma matéria no dia 20 de julho dizendo que as autoridades logo recuarão com a intervenção. Posteriormente, o mercado caiu e o repórter que escreveu o artigo foi preso, de acordo com a Bloomberg.
Claro, esses métodos não resolverão o problema de uma economia que está parando de funcionar e de uma bolha que não para de crescer, mas o regime chinês acha que vale a pena tentar.