Escritor de Hong Kong defende a liberdade de expressão

06/09/2013 16:52 Atualizado: 06/09/2013 16:52
Lam Hang Chi se recusa a pôr o ‘nacionalismo’ diante da independência de pensamento e da consciência
Lam Hang Chi, cofundador do Hong Kong Economic Journal, é um dos mais influentes comentaristas políticos de Hong Kong (Imagem da internet)
Lam Hang Chi, cofundador do Hong Kong Economic Journal, é um dos mais influentes comentaristas políticos de Hong Kong (Imagem da internet)

O escritor conhecido como Lam Hang Chi (nome verdadeiro: Lam Shan-muk), cofundador do Hong Kong Economic Journal, escreveu para este jornal diário de 1973 a 1997. Desde então, ele tem uma coluna exclusiva. Comumente reconhecido como um dos jornalistas políticos mais influentes de Hong Kong; ao longo dos anos, Lam teria escrito uns dez mil artigos.

Mas essa grande torrente de palavras pode secar de repente se Leung Chun-ying, o chefe-executivo de Hong Kong, não mudar sua abordagem.

Anteriormente, em 2003, Lam Hang Chi ameaçou parar de escrever. Ele apontou na época que, se o artigo 23º da Lei Básica fosse aprovado, os jornalistas estariam em perigo se reportassem a verdade ou falassem livremente.

A recente controvérsia sobre um artigo que Lam Hang Chi escreveu mostrou-lhe que a liberdade de expressão em Hong Kong mais uma vez enfrenta uma grave ameaça.

Lealdade ao próprio entendimento

Num artigo combativo, Lam Hang Chi, comentando sobre a luta entre o bem e o mal em Hong Kong, se referiu a um grupo de rãs barulhentas que tentavam confundir as pessoas e criticou um grupo pró-PCC recém-criado e autointitulado ‘Maioria Silenciosa’.

Cheng Chak Yan, um dos fundadores da Maioria Silenciosa, escreveu para refutar Lam Hang Chi, desencadeando uma guerra de palavras.

Em seguida, outra pessoa nomeada “Yi Bo” publicou uma carta aberta a Lam Hang Chi, na forma de um anúncio no ‘Hong Kong Economic Journal’, afirmando que as críticas de Lam Hang Chi à Maioria Silenciosa “não direcionavam a raça chinesa no caminho da estabilidade e da glória”.

Em 28 de agosto, Lam Hang Chi publicou um artigo sobre o tema da política responsável, em que ele disse que o ataque contra ele, sob o pretexto de um anúncio, soou um alerta.

Desde a transferência da soberania em 1997 e especialmente desde que Leung Chung-ying assumiu a direção da cidade, “Hong Kong tem se distanciado cada vez mais do passado”, escreveu Lam Hang Chi. Se ele fosse forçado a prometer lealdade a um país em vez de ser fiel aos próprios pensamentos, Lam Hang Chi preferiria “parar de escrever”.

“A ação mais chocante, angustiante e preocupante em Hong Kong é a criação de duas frentes antagônicas por meio da diversificação deliberada”, escreveu Lam Hang Chi. “Da base de poder do ‘acampamento de Leung’, ‘o gabinete oficial’, Leung estabeleceu grupos sob os nomes de ‘Amor por Hong Kong’, ‘Poder do Amor por Hong Kong’ e ‘Vozes do Amor por Hong Kong’ para se opor aos pandemocratas.”

“Para ganhar o poder, os comunistas usam táticas cruéis, desumanas e movimentos políticos apoiados com propaganda para intensificar a luta de classes, levando à destruição desastrosa da sociedade e da economia”, escreveu Lam Hang Chi.

Apoio ao Falun Gong e defesa de Hong Kong

Wong On Yin, um colunista do Hong Kong Economic Journal, partilha da preocupação do colega sobre a ameaça à liberdade de expressão em Hong Kong. Ele associou as preocupações de Lam Hang Chi a respeito da Maioria Silenciosa à polêmica sobre a professora Lam Wai-sze.

Ele lembrou que a Maioria Silenciosa foi formada em parte para se opor ao sufrágio universal em Hong Kong. Mas o grupo também tem criticado Lam Wai-sze, que defende o primado do direito e a liberdade de expressão, por “criar problemas para Hong Kong”.

Wong disse que o povo de Hong Kong precisa se concentrar no núcleo da controvérsia em torno de Lam Wai-sze: ela se opôs a como a ‘Associação de Cuidados da Juventude de Hong Kong’ (ACJHK), um grupo vinculado ao Partido Comunista Chinês (PCC), tem perseguido os praticantes do Falun Gong e violado seus direitos.

Para apoiar a Sra. Lam Wai-sze, Wong disse que é preciso condenar a repressão do PCC ao Falun Gong e apoiar o Falun Gong, uma disciplina espiritual tradicional que é perseguida na China continental desde 1999.

“Essas pessoas que apenas lutam pelo próprio direito de expressão, mas não estão dispostas a darem um passo adiante e defender o Falun Gong, são hipócritas”, disse Wong. “A Sra. Lam gritou com a polícia porque a polícia não manteve a ordem. Eles se aliaram à ACJHK contra o Falun Gong. Se você apoia a Sra. Lam, por que não apoiar o que ela defende?”

Wong explicou por que algumas pessoas não apoiavam abertamente o Falun Gong. Elas estão com medo do PCC e não têm uma compreensão clara da liberdade religiosa e dos direitos humanos.

“Lutar pelo Falun Gong é também lutar pelos valores fundamentais de Hong Kong”, disse Wong. “Na verdade, se as pessoas de Hong Kong ajudarem, toda a situação na cidade será diferente.”

“As pessoas em Hong Kong muitas vezes pensam que estão ajudando o Falun Gong”, disse Wong. “Mas, na verdade, elas estão ajudando toda a Hong Kong, salvaguardando Hong Kong e apoiando os valores de liberdade de reunião e crença. Isto é muito simples.”