Por Voice of America
A decisão do ex-presidente boliviano Evo Morales de escolher um candidato presidencial diferente para seu partido Movimento para o Socialismo (MAS), do que aquele escolhido pelos membros do grupo na semana passada, não foi bem recebida por seus aliados na Bolívia.
No domingo (19), Morales anunciou na Argentina, onde está asilado, que o ex-ministro da Economia Luis Arce vai liderar a chapa do MAS e o ex-ministro das Relações Exteriores David Choquehuanca será o candidato a vice-presidente.
Na semana passada, organizações ligadas ao MAS na Bolívia decidiram que o binômio para as eleições de 3 de maio será Choquehuanca e o líder cocaleiro Andronico Rodriguez.
Nesta segunda-feira, o senador boliviano do MAS, Omar Aguilar, disse a repórteres que não acredita que esta seja “uma decisão final”.
“As organizações sociais estão pedindo uma extensão de emergência em nível nacional justamente para analisar esta questão”, disse Aguilar, observando que “há uma rejeição a essa determinação na Argentina”.
"Hay rechazo a esta determinación de #Argentina (…) y están pidiendo tomar decisiones orgánicas", afirma el senador boliviano del MAS, Omar Aguilar, sobre candidatos propuestos por Evo Morales. https://t.co/4eOlY2JkF3
A chapa de Morales foi anunciada após quase sete horas de reunião com autoridades sindicais e membros do Pacto de Unidade em um hotel em Buenos Aires.
As primeiras declarações do ex-presidente foram: “Em 3 de maio, venceremos novamente no primeiro turno”. Ele também divulgou os detalhes da reunião através de sua conta no Twitter.
Ele acrescentou que Rodríguez não foi eleito nesta ocasião para garantir a unidade do partido, que nos últimos meses foi dividida após sua renúncia como presidente em 10 de novembro.
Luego de dos jornadas de intenso debate con dirigentes del MAS-IPSP y del Pacto de Unidad, fue elegida la fórmula de unidad con la que ganaremos las elecciones el próximo 3 de mayo: Presidente: Luis Arce Catacora, y Vicepresidente; David Choquehuanca. ¡Hasta la victoria siempre! pic.twitter.com/NuSAeGxOgF
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) January 19, 2020
Em sua declaração à imprensa, Aguilar disse que acredita que, sobre a dupla de Morales, “vamos ter novidades nas próximas horas (ou) nos próximos dias”.
“As organizações sociais estão preocupadas e estão pedindo para tomar decisões orgânicas e decisões soberanas aqui no país”, disse o senador.
Morales optou por Arce, de 56 anos, que foi pilar fundamental da economia nacional durante seus três mandatos. O ex-ministro é economista de profissão e possui mestrado em Ciências Econômicas pela Universidade de Warwick, na Inglaterra.
Choquehuanca, de 58 anos, é o rosto indígena de seu partido. Assim como Morales, ele é aymara e liderou o trabalho diplomático da Bolívia por 11 anos.
Para o analista político Franklin Pareja, esse binômio tem apenas o objetivo de obter uma representação do Movimento pelo Socialismo na Assembleia Legislativa.
“O que ele quer é ter uma bancada forte, mas não com um presidente, porque nesse caso ele perderia a supremacia e sua figura poderia se diluir com o tempo”, disse Pareja.
“O que ele quer é simplesmente manter uma presença política importante na Assembleia Legislativa, mas acho que ele não vai ganhar”, acrescentou.
Morales governou a Bolívia por quase 14 anos, renunciou à presidência em novembro passado, quando a polícia e o exército retiraram seu apoio após várias semanas de manifestações por denúncias de fraude nas eleições de 20 de outubro, nas quais uma auditoria da Organização dos Estados Americanos (OEA) encontrou sérias irregularidades na contagem de votos.
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