Brasília ganhava cor com os azulejos projetados por Athos Bulcão
Apesar de ter gerado polêmica entre alguns profissionais, a seleção para cargos de setores importantes da construção de Brasília foi feita através de indicações.
Muitos destes profissionais vinham do Rio de Janeiro e já tinham uma relação profissional estreita com o arquiteto Oscar Niemeyer. Nomes como o artista plástico Athos Bulcão e o paisagista Burle Marx foram dois grandes exemplos.
Entre os profissionais escolhidos, Athos Bulcão foi um dos personagens que marcou a cidade e contribuiu para a construção da identidade e memória afetiva da população brasiliense.
Azulejista, Bulcão via nas composições de formas geométricas uma forma de não apenas embelezar a cidade, mas torná-la efetivamente moderna.
O primeiro contato do artista com Oscar Niemeyer aconteceu em 1943. O arquiteto encomendou azulejos externos para a construção do Teatro Municipal de Belo Horizonte. A obra não foi finalizada, mas a parceria de trabalho dos dois nomes estava selada.
Em 1957, após convite de Niemeyer, Athos passou a fazer parte da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), órgão criado por JK. Iniciava um importante capítulo da participação do azulejista nas obras de Brasília.
Os azulejos coloridos de Bulcão formavam um interessante mosaico em vários edifícios públicos da capital federal. Entre eles estavam, o Palácio do Planalto, 12 obras em locais estratégicos do Congresso Nacional, a exemplo do plenário e do Salão Nobre além do Palácio do Itamaraty, Parque da Cidade, Igrejinha, além de outros.
“Athos Bulcão foi muito mais do que um artista: foi uma figura inteligente e virtuosa que ajudou a fortalecer a nova capital do Brasil. Ele emprestou a alma dele para a cidade e ajudou Brasília a criar uma identidade. Ele deu vida a Brasília para criar sua própria vida. Bulcão foi um dos poucos artistas a se radicar na cidade”, afirma o arquiteto e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB), Frederico Flósculo.
Após sua expressiva contribuição para as obras da cidade, Bulcão continuou seus trabalhos pela capital. Em 1963, foi convidado por Darcy Ribeiro para compor o quadro de professores do Instituto Central de Artes da UnB, fato que estreitou os laços do artista plástico com as novas gerações de Brasília.
Entre os diversos prêmios de reconhecimento pelo seu trabalho, estão a medalha Mérito da Alvorada, a Ordem do Mérito Cultural, do Ministério da Cultura, Doutor Honoris Causa pela UnB , Embaixador de Brasília pelo Governo do Distrito Federal (GDF) e Cidadão Honorário de Brasília, pela Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Athos Bulcão morreu aos 90 anos em 2008, após uma parada cardiorrespiratória no Hospital Sarah Kubitscheck. O artista lutava contra o Mal de Parkinson desde 1991. Sua morte gerou comoção na cidade que abriga em diversos espaços, muitos deles democráticos, exemplares de seus traçados exatos que alegram o cotidiano dos brasilienses.
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