Tradicionalmente, a música chinesa se destinava não apenas ao entretenimento, mas também à purificação dos pensamentos da pessoa. Os instrumentos eram fabricados com a crença de que o som produzido por eles poderia influenciar e harmonizar o universo.
Um dos mais populares instrumentos tradicionais chineses, que é capaz de transmitir grande qualidade dramática é o ‘erhu’. Seja lento ou rápido o tempo musical, o ‘erhu’ produz uma sonoridade comovente que é encantadora, porém, às vezes, melancólica.
A música na China, tão antiga quanto a própria civilização chinesa, de 5.000 anos de existência, se destinava não apenas ao entretenimento, mas também à purificação dos pensamentos da pessoa. Tradicionalmente, acredita-se que o som pode influenciar e harmonizar o universo. Aos filhos da nobreza era requerido o estudo da música como uma das quatro matérias obrigatórias. Portanto, aqueles que tocassem música apenas por entretenimento eram tidos em baixa estima.
Comparado com os instrumentos tradicionais chineses, o ‘erhu’ é relativamente jovem, já que tem uma história de apenas mil anos. Ele foi introduzido na China por tribos que não eram da etnia Han, vindos através da fronteira norte da China. Devido ao seu surgimento entre as minorias étnicas, o nome, literalmente, significa “instrumento bárbaro de duas cordas”. Os trabalhadores o utilizavam para tocar canções tradicionais que descreviam a vida diária, tais como a pescaria e o pastoreio.
Com o passar do tempo, tornou-se comum o uso do ‘erhu’ em um conjunto ou na orquestra de uma ópera de Beijing, porém não era suficientemente respeitado para que fosse tocado como instrumento solo.
O ‘erhu’ se transformou em um dos instrumentos chineses mais populares e reconhecidos, e muitos ocidentais sentiram o seu encanto com a primeira turnê global do Espetacular Ano Novo Chinês da New Tang Dinasty Television (NTDTV).
Em deslumbrantes atuações, o Espetacular Ano Novo Chinês apresenta a cultura tradicional chinesa através da música e do balé. O show mostra a autêntica cultura tradicional chinesa. Suas apresentações aconteceram em trinta e duas grandes cidades ao redor do mundo no ano de 2007 e, em 2008, em mais de cinquenta cidades, com uma audiência total, ao vivo, de mais de meio milhão de pessoas.
As apresentações do ‘Espetacular’ viram crescer amplamente a popularidade do ‘erhu’, encantando a audiência com sua sonoridade expressiva e doce. A senhorita Qi Xiaochun, uma aclamada instrumentista do ‘erhu’, que faz os solos do instrumento durante o espetáculo, aprendeu a tocar o instrumento com o pai, durante a infância no sul da China.
“Quando tinha seis anos, meu pai começou a ensinar-me como tocar o ‘erhu’, e praticava comigo todos os dias. Como o espaço em nossa residência era muito limitado e para evitar incômodo aos nossos vizinhos, ele me levava a um parque próximo para praticar.”
Os primeiros dias de treinamento de Qi Xiaochun foram rigorosos. Desde pequena, seu pai a ensinou a tocar o ‘erhu’. Com chuva ou com sol, ele insistia, sem se preocupar com o clima, que praticasse fora de casa todos os dias. Qi pensava que ele era “o pai mais cruel do mundo”, até que começou a entender seu profundo amor pela música e sua “paixão reprimida” que se ocultava por trás disso.
“Enquanto praticávamos, éramos rodeados por muitas pessoas, vendo-nos, escutando-nos atentamente por horas, assentindo com suas cabeças e batendo no solo com seus pés ao ritmo da música. Agora, entendo porque meu pai passou por tantas tribulações para treinar-me como uma artista de ‘erhu’, ele queria que eu herdasse a disposição interior e a alma das artes chinesas e usar a música para criar esperança, emoção e força interna para aqueles que aspiram à luz e a beleza apesar das condições adversas. Ele era um grande pai.”
Mesmo quando o ‘erhu’ é, às vezes, chamado de o violino de duas cordas, ele é posicionado verticalmente, e não horizontalmente, nas pernas do músico. Ele é feito de madeira densa, tais como pau rosa ou ébano, e consiste de uma pequena caixa acústica coberta com pele de cobra, tradicionalmente a pele do píton, com um longo e delgado ‘pescoço’ ligeiramente encurvado no seu final. As duas cordas de aço substituíram as cordas de seda tradicionais. O bambu e o arco de crina branco estão posicionados permanentemente entre as duas cordas.
Esta pequena caixa tem muitas qualidades que a fazem um instrumento difícil de dominar. Não há um painel para os dedos para que se possa encontrar a nota adequada, e as cordas são pressionadas, mas não devem tocar o ‘pescoço’ (braço) do instrumento. A sonoridade é produzida quando o arco, coberto com resina para aumentar a fricção, é passado entre as cordas fazendo com que a pele de serpente vibre; ambos os lados do arco são utilizados para produzir o som. As cordas estão tão próximas que se tocam como se fossem apenas uma.
Usado originalmente para atuações em conjuntos ou em uma orquestra tradicional chinesa, foi elevado por Liu Tianhua (1895-1932) à categoria de instrumento solo.
Liu introduziu as novas formas de usar o arco e os dedos enquanto que também dominou as técnicas ocidentais de tocar violino. Tudo isto, em um tempo em que o ‘erhu’ ainda era considerado um instrumento folclórico e não era tocado por instrumentistas profissionais. Sua mais famosa e agora clássica melodia se intitula “A segunda primavera reflete a lua”.
Qi Xiaochun diz que a antiga cultura chinesa promovia a harmonia entre o céu e a terra e o respeito pela vida e a natureza; valores que se refletem no espetáculo. Ela fala que seu trabalho é um tributo às pessoas na China que compartilham o mesmo entusiasmo que seu pai e, tocando, ela ajuda a completar o sonho de seu pai. “Estou hoje em cena, graças à dedicação de meu pai ao que ele considerava a missão de sua vida: preservar a essência e beleza da cultura tradicional chinesa para as gerações vindouras.”
Saiba mais sobre as performances de Qi Xiaochun no website do Shen Yun Performing Arts