Três juízes canadenses rejeitaram o apelo de um processo de difamação contra o jornal Epoch Times. Crescent Chau, o dono do periódico Les Presses Chinoises, tentou processar o Epoch Times por artigos que alegaram que ele agia como um agente do regime comunista chinês.
O tribunal de recursos de Quebec, numa decisão unânime, negou o recurso de Chau contra o veredito anterior do processo, que favorecia a edição canadense do Epoch Times.
Este acordo confirma as razões que a juíza Catherine Mandeville apresentou ao Tribunal Superior de Quebec em 29 de abril de 2010, quando ela originalmente rejeitou o caso de Chau.
Chau processou o Epoch Times por difamação por artigos que associam os esforços de Chau de demonizar o Falun Gong à repressão conduzida pelo Partido Comunista Chinês (PCC) contra o mesmo grupo.
O Tribunal de Recursos concordou com a juíza Mandeville que não havia razão para acreditar que um cidadão comum consideraria que Crescent Chau ou seu jornal tivessem sido indevidamente difamados.
“O juiz concluiu que os artigos específicos não são um ataque injusto à reputação dos recorrentes [Chau e Cia.]. Vale repetir que nesses artigos, o réu [o Epoch Times] afirma que os demandantes são agentes da Republica Popular da China e que são financiados por este último para difundir sua ideologia sobre o Falun Gong”, diz a sentença.
“O fato de um entrevistado se referir aos demandantes como agentes que promovem as ideias de um governo, não pode ser considerado difamatório nestas circunstâncias. Além disso, Chau declarou várias vezes que compartilha as ideias da China sobre o movimento em questão.”
“Tendo em vista o contexto geral do debate público, este Tribunal conclui que as demonstrações litigiosas expressam preocupações legítimas e constituem uma opinião que é extraída de uma premissa factual e não feita com o propósito de atacar abusivamente a reputação do Sr. Chau.”
Em agosto de 2006, Chau imprimiu 100 mil exemplares de um tabloide especial de 32 páginas sem qualquer anúncio e o distribuiu em todo o país gratuitamente.
O jornal não tinha anúncios ou notícias comuns, apenas artigos condenando a disciplina espiritual e pacífica do Falun Gong, que é perseguida pelo regime comunista na China continental desde 1999.
O jornal Les Presses Chinoises tinha uma circulação regular de apenas 6 mil cópias e só era distribuído na cidade de Montreal, além de cerca de 100 cópias distribuídas em Ottawa.
Chen Yonglin, um ex-diplomata do consulado chinês em Sydney, Austrália, que desertou para a Austrália, disse numa visita ao Canadá em 2007 que espiões chineses e organizações de fachada estavam sendo difundidos no território canadense.
“Está claro que a Les Presses Chinoises coopera com a embaixada e o consulado chinês e se tornou pau-mandado e instrumento de propaganda do PCC no Canadá”, disse Chen Yonglin.
“É muito provável que os custos de impressão tenham sido diretamente financiados pela embaixada e consulado chineses – os conteúdos parecem ser, em sua maior parte, produzidos e fornecidos pelo PCC.”
Chau negou ter recebido ordens de autoridades chinesas. Ele retratou sua oposição ao Falun Gong como uma “cruzada” pessoal.
Embora Chau tenha dito aspirar acabar com o Falun Gong no Canadá, ele admitiu não ter entrevistado qualquer praticante do Falun Gong para as histórias que publicou e nem lido os ensinamentos do Falun Gong.
Mas de acordo com outras mídias de língua chinesa em Montreal, a fonte dos primeiros artigos anti-Falun Gong de Chau foi uma mulher chamada He Bing, que tinha se oferecido para pagar “o que for preciso” para ter seus artigos anti-Falun Gong publicados em língua chinesa.
Fontes seguras disseram ao Epoch Times que o Serviço de Inteligência Canadense (CSIS) investigou He Bing e acredita que ela seja uma agente chinesa.
Vários outros jornais chineses teriam criticado-a antes que seus artigos aparecessem na Les Presses Chinoises de Chau.
Em seus artigos, que apareceram primeiro como propaganda paga, He Bing acusou os adeptos do Falun Gong de todo tipo de coisa, desde beber sangue até assassinato e suicídio. Ela chamou os praticantes de Falun Gong de “insanos”, “estúpidos” e “débeis mentais”.
O Prof. David Ownby da Universidade de Montreal, um especialista em religiões populares chinesas que estudou o Falun Gong, considerou as afirmações como “imundície sem fundamento despejadas numa página” e disse nunca ter visto nada que sugira qualquer verdade nas acusações de He Bing.
Mas Chau continuou a publicar tal conteúdo, mesmo depois de receber duas ordens judiciais de Quebec ordenando-o que parasse. Inclusive chamou os praticantes de “inimigos do Estado” em alguns dos conteúdos.
Em fevereiro de 2001, Chau publicou sua primeira edição especial anti-Falun Gong, que incluía uma petição que incitava a comunidade chinesa a se “unir” e “denunciar o Falun Gong”.
He Bing voltou à China e foi exibida na mídia estatal chinesa como uma heroína na guerra contra o Falun Gong.
Além disso, Chau se tornou uma espécie de celebridade na imprensa da China continental. Ele participou de conferências na China que promoviam a “troca de informações e cooperação empresarial” entre estrangeiros e a mídia chinesa. A mídia estatal chinesa citou Chau dizendo que o regime chinês “deve reforçar sua ligação com a comunidade chinesa do exterior”.
Em agosto de 2006, Chau publicou sua primeira publicação nacional anti-Falun Gong, com cópias distribuídas até o Oeste de Vancouver.
Seus esforços não passaram despercebidos. Quatro dias depois da “edição especial” chegar às ruas, o website do Diário do Povo, uma mídia porta-voz do regime comunista chinês, publicou um artigo elogiando Chau.
No verão de 2007, Chau publicou a quarta edição de sua revista Truth em Toronto, com a manchete de primeira página, “Será que seu ‘Maple Card’ [o documento de residência no Canadá] não expirará?” No interior, as 15 páginas restantes do jornal foram dedicadas a atacar o Falun Gong.