Entrevista: Presidente de entidade fala sobre lançamento de Instituto em homenagem às vítimas do Holocausto

06/12/2012 20:11 Atualizado: 11/12/2012 12:23
Crianças vestindo pijamas listrados em um campo de concentração nazista (Cortesia / Richmond Holocaust Museum)

Hoje, às 19h30, na Assembleia Legislativa de São Paulo, acontece o lançamento do Instituto Shoah de Direitos Humanos (ISDH). A entidade tem como objetivo difundir o conhecimento sobre o Holocausto no Brasil. Atualmente,  o país abriga cerca de 200 sobreviventes do genocídio liderado por Adolf Hitler, espalhados por capitais do Sul e Sudeste brasileiro como Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Minas Gerais.

A criação do instituto foi resultado de uma parceria entre a entidade judaica de Direitos Humanos  B’nai B’rith (Filhos da Aliança, em hebraico) e o Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação da Universidade de São Paulo (LEER – USP).

O Epoch Times entrevistou o diretor da entidade, Abraham Goldstein, presidente da B´nai B´rith no Brasil, entidade com sede em Nova York fundada há 167 anos que atua na área de Direitos Humanos.

Epoch Times: Em linhas gerais, como é tratada a questão dos sobreviventes do Holocausto e do antissemitismo em território brasileiro?

Abraham Goldstein: Há no Brasil iniciativas de outros grupos que têm abordado esse tema de forma instantânea. Fazem palestras e cursos e depois de encerrarem isso a vida continua. Nós queremos oferecer algo mais completo: o curso, o programa e a palestra. A diferença é que nós lidamos com o day after: nós preparamos os educadores e direcionamos ele para dar continuidade à abordagem do tema.

Epoch Times: Como surgiu a iniciativa para a criação do Instituto Shoah?

Abraham Goldstein: A ideia  era para preparar os alunos para uma redação de um concurso sobre o Holocausto. Fomos percebendo que o processo foi ganhando dimensões e aceitabilidade muito grande. Nesse ano, a jornada que fizemos aos educadores reuniu 1.100 profissionais no Memorial da América Latina. Quando você percebe que sua mensagem está sendo reconhecida, sua responsabilidade é que você dê continuidade, ampliação e divulgação ao processo de transmissão da mensagem. Pensando nisso decidimos formar o Instituto, que incorpora todas as atividades de pesquisa que são feitos no laboratório de estudos da USP. O Instituto desenvolve as pesquisas e formação dos educadores e formadores de opinião na questão de racismo e discriminação.

Epoch Times: Quais são os projetos que o Instituto visa desenvolver?

Abraham Goldstein: Uma de nossas tarefas é registrar em português,  relatos de sobreviventes do Holocausto. Há quase 200 pessoas espalhadas pelo Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre e Belo Horizonte. Nós devemos lançar um projeto em 2013 referente à oferta de oficinas de teatro, literatura e musica para capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre. É um programa intenso onde educadores serão especialmente convidados a participarem de um processo de formação, que tem como objetivo mostrar os valores da diversidade tendo a história do Holocausto como referência. Eles serão responsáveis pela expressão desse conteúdo aos alunos. A forma de se expressar e entender a questão é ter a oportunidade de atuar dentro da própria questão.

Epoch Times: Existe algum projeto específico de preservação da história das famílias judaicas que escolheram o Brasil como 2ª pátria?

Abraham Goldstein: Sim. Um dos programas que vamos desenvolver é não só a continuidade do registro através dos sobreviventes, vemos grande envolvimento dos netos dos sobreviventes. A participação deles no conhecimento da história e treinar a capacidade deles para escreverem livros, participarem de palestras. A medida que o tempo passa os sobreviventes vêm acompanhados de netos e netas que ajudam os avós e podemos ver um amor muito bonito e um respeito deles pela trajetória da família. Se eles têm uma oportunidade e uma mini estrutura que podem ajudá-los eles vão participar.

Epoch Times: Como o senhor enxerga o antissemitismo no Brasil?

Abraham Goldstein: Existe um pouco de antissemitismo. É uma mistura de antissemitismo por história antiga, viés religioso, rotulações, pressões nas questões palestinas. Há varias formas de expressar uma atitude de antissemitismo, mas no Brasil não chega ao ponto onde podemos falar que estamos em um país antissemita. O Brasil é um país que tem por natureza a visão simplificada das relações. Há antissemitismo por ignorância, desconhecimento de pessoas que escrevem colunas de jornal para chamar a atenção. Não vejo que esse tipo de atitude tenha chamado a atenção da população brasileira.

Epoch Times: Qual é a importância da criação do Instituto nesse período no Brasil?

Abraham Goldstein: Todo momento na história é um momento que se pode aprender. Acho que essa inciativa nesse momento histórico do Brasil é um reforço nos reconhecimentos dos valores da ética, fraternidade, vida e valor. É uma oportunidade de ensino e educação que dará chance aos educadores de transmitirem conhecimento de forma mais humana e completa aos alunos. É uma atividade útil a qualquer momento na história do país.

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