A fibromialgia é um estado crônico, no qual o indivíduo padece continuamente de dores musculares, articulares e nos tendões. Essas dores são difusas e contínuas, provocando estresse contínuo, mau humor, tensão, fadiga, sono irregular, entre outras condições.
A medicina convencional não conhece as causas da fibromialgia, mas percebe que existe uma relação estreita entre as situações de tensão psicológica, como o estresse contínuo – especialmente o estresse pós-traumático – e os sintomas da fibromialgia. A medicina também já constatou que existe uma menor produção de serotonina nas pessoas que sofrem de fibromialgia.
O fato é que quem tem fibromialgia sofre continuamente por causa de suas dores crônicas e vive certa ansiedade e até depressão crônicas por não ver saída para este seu problema. A medicina, apesar de atenuar uma parte dos sintomas com analgésicos, anti inflamatórios, antidepressivos, fisioterapia, psicoterapia e outras técnicas, ainda não pôde oferecer uma resposta efetiva para a cura da fibromialgia.
Um dado que talvez poucos tenham descoberto ou notado, é que o indivíduo que sofre de fibromialgia, tem um padrão de contração muscular crônica generalizada, ou seja, seu corpo vive levemente contraído 24 horas por dia. Essa contração pode ser mais intensa em alguns casos, porém, em geral, é crônica mas pouco forte, o que a torna normalmente imperceptível para a própria pessoa que a tem.
Na verdade, a inconsciência sobre essa tensão muscular crônica está associada à própria causa e continuidade do estado de fibromialgia na pessoa e à sua aparente impossibilidade de cura. Pelo que percebemos, a fibromialgia passa a existir em um indivíduo por causa de sua reação de tensão a um evento traumático ou de estresse contínuo. Essa reação toma a forma de um padrão de comportamento tenso crônico sobre a musculatura, e por isso, essa se encontra cronicamente tensa. Ou seja, a pessoa passa a manter inconscientemente a sua musculatura contraída depois desse estado de estresse: ela nunca relaxa totalmente seus músculos, o que leva a um desgaste muscular, à fadiga, à falta de energia e à dor crônica.
Imagine que você mantenha os músculos do seu braço um pouco contraídos por cerca de dois minutos: talvez sinta um levíssimo incômodo depois disso. Imagine manter essa contração por dez minutos: agora o incômodo passa a ser bem mais significativo. Imagine músculos contraídos por 24 horas, sete dias por semana, trinta dias por mês e assim por diante; é assim que vive alguém que tem fibromialgia.
Quando uma pessoa foi estuprada, abusada física ou verbalmente, traída, traumatizada, ou ameaçada continuamente; ou quando alguém sente-se super responsável por cuidar de outros, ou vive em estado de contínua atenção para sustentar outros que estão sob seus cuidados, ou que pensa em assumir uma enorme responsabilidade por um tempo indeterminado, ele pode desenvolver esse estado reativo crônico de tensão emocional, que inclui uma reação de tensão muscular crônica. Esses são alguns dos padrões básicos pelos quais as pessoas desenvolvem esse padrão muscular tenso e de relaxamento incompleto crônico, que a medicina convencional chamou de fibromialgia. Em geral, essas pessoas têm ombros e pescoço contraídos e tensos, mandíbulas tensas, braços, mãos e pernas tensas, podendo haver algumas variações nesse padrão.
Apesar da medicina convencional falar que essas pessoas têm deficiências de neurotransmissores, como a serotonina, distúrbios no sistema nervoso central reativos à percepção da dor e até disfunções mitocondriais, nenhuma dessas condições revela verdadeiramente a causa da fibromialgia, e nem estas servem como bases para investigações e propostas de tratamentos efetivos.
Aliás, quando os exames revelam deficiência de serotonina em alguma pessoa, ao invés de julgarmos que é a sua deficiência que causa depressão na pessoa, deveríamos nos perguntar porque a pessoa não está produzindo serotonina adequadamente. E se nossa investigação abordar a pessoa integralmente e não somente seus sintomas, descobriremos que são seus estados emocionais e reações a determinadas circunstâncias que diminuem a sua produção de serotonina, e não o contrário.
Os tratamentos que levam a pessoa que tem fibromialgia à conscientização de seus padrões tensionais musculares e à compreensão da causa psicológica dos mesmos são, até onde conhecemos atualmente, a melhor e mais efetiva forma para curar a fibromialgia. De fato, as outras abordagens, como os exercícios de alongamento e fisioterapia, que tratam os sintomas externos, como as dores, a fadiga, a falta de energia, e até mesmo os tratamentos químicos contra a depressão, apenas atenuam o desconforto crônico da pessoa, porque diminuem parcial e momentaneamente suas tensões crônicas.
Então, dizendo mais claramente, o tratamento efetivo e a cura da fibromialgia não vêm através de terapias físicas ou químicas, e nem mesmo através de terapias psicológicas puramente analíticas. A fibromialgia tem causas emocionais que resultam em tensões musculares crônicas; por isso, seu tratamento se dá a partir da delicada, interessada e profunda investigação dos padrões de reação física e emocional do paciente a eventos recentes ou antigos bastante importantes em sua vida.
Uma vez que o paciente se dá conta de sua incapacidade de relaxar totalmente a musculatura, se questiona do porquê tem mantido seus músculos nesse estado de tensão crônica, e torna-se consciente do motivo real de ter desenvolvido esse estado, lidando com a causa de forma lúcida, inteligência, compreensiva. Quando ele passa a aceitar o evento ou circunstância causadora, imediatamente o padrão de tensão e fibromialgia começam a ceder. E se sua consciência permanece lúcida a esse respeito e a pessoa se esforça para amadurecer e melhorar essa sua forma de reação ao evento estressante ou traumático, ela se curará definitivamente da fibromialgia. Isso é o que a prática terapêutica correta tem mostrado.
Alberto Fiaschitello é terapeuta naturalista e cientista social