A homeopatia chegou ao México através dos médicos espanhóis, proveniente de Cataluña entre 1849-56. Através de uma experiência de um século e meio, consolidou-se como uma alternativa terapêutica nacional.
Hoje está incorporada ao Sistema Único de Saúde desse país, que, além disso, gradua seus profissionais com a titulação de médico homeopata. Em contrapartida, na Espanha ainda ocorrem debates sobre a regulamentação dos medicamentos homeopáticos.
“Um evento de cura homeopática predispôs ao General Porfirio Diaz, governante do país à utilização da homeopatia (…), de acordo com um relato referido por uma de suas próprias filhas. O presidente foi tratado de uma antiga osteomielite (…), sequela da batalha de Veracruz, que cicatrizou em 10 dias”, aponta o Dr. Fernando Dário François-Flores, em sua história sobre a homeopatia no México.
A partir dessa experiência, o presidente inaugurou o primeiro “Hospital Nacional Homeopático”, em 1893.
Os resultados descritos como “esmagadoramente favoráveis à medicina homeopática”, após dois anos de pesquisas com estatísticas médicas, permitiram no dia 31 de julho de 1895, o estabelecimento da primeira escola oficial: “Escola Nacional de Medicina Homeopática”.
Um decreto desse ano incorporou a homeopatia dentro do sistema de saúde nacional.
Na Espanha, parte da comunidade sanitária se opôs à regulamentação dos medicamentos homeopáticos, e questiona a eficácia terapêutica dessa profissão. Em contraste com o México, já em 1927 foram publicados os resultados de 34 anos de experiências hospitalares homeopáticas.
O estudo afirmou que, de “24.290 pacientes internados, 77% dos casos obtiveram cura total, 6.3% dos casos relataram melhora do quadro clínico, 11% obtiveram alta voluntária e somente 5.7% não responderam bem ao tratamento, números mais que contundentes, especialmente falando das primeiras décadas do século XX”, segundo o Hospital Homeopático Nacional.
Já neste século, um grupo multidisciplinar dirigido pela Presidência, concluiu em 1982 que “não devem catalogar a homeopatia como falsa”, a partir da consideração que existe uma medicina comum. O que existe são várias terapias utilizáveis e complementares, segundo a gazeta dos deputados de 24 de março de 2009.
“Em 1983 o Senado da República retificou a Farmacopéia Homeopática dos Estados Unidos Mexicanos, e em 1998 a Secretaria de Saúde publicou a primeira atualização da Farmacopéia. Desde 1997, a Lei Geral de Saúde reconhece os medicamentos homeopáticos”, segundo a Direção Geral de Planejamento e Desenvolvimento em Saúde (DGPLADES).
Também menciona que o ensinamento da homeopatia em outros países é realizado fundamentalmente mediante cursos de pós-graduação a profissionais médicos, porém na França e México se reconhece como especialidade, e nesse último caso também existe graduação em nível de licenciatura.
“Numerosas investigações, tanto clínicas como experimentais, realizadas a nível nacional e internacional comprovam sua eficácia. Há fortes evidências que apontam até explicações tanto do ponto de vista da biofísica como de fenômenos bioquímicos envolvidos na ação direta destes medicamentos”, explica DGPLADES.
No ano de 2005, no marco da descentralização do Hospital Homeopático Nacional, foram avaliados seus resultados positivos:
“No ano de 2004 foram realizados mais de 70.072 consultas gerais e de especialidades dentre as quais 68% foram realizadas com terapia homeopática. É importante destacar que em 100% dessas consultas estavam incluídos os medicamentos dentro do mesmo custo pela consulta”, relatam os médicos homeopatas José Matuk e Omar Matuk, em seu portal digital.
Além disso, foram atendidos 23.726 casos de urgência, 2.991 intervenções cirúrgicas, 3.415 partos, dentre os quais 361 foram por cesárea, 119.511 análises clínicas de laboratório e 14.833 estudos radiológicos.
“A taxa de mortalidade materna em 2004 foi de 0.0 %, a mortalidade neonatal de 0.47% (…), e a porcentagem de infecções intra-hospitalares foi de 0.062%. Em um estudo comparativo com unidades similares em tipo e estrutura, o Hospital Nacional Homeopático os supera em até 80% a produtividade de alguns itens”, citam os médicos Matuk.
No México, a atenção homeopática desenvolveu-se de forma predominante em âmbito privado, porém também tem avançado em incorporá-la aos hospitais.
Em 2006, foram incorporados consultórios de homeopatia na forma de unidades médicas no Plano Diretor de Infraestrutura em Saúde.
A Secretaria de Saúde, através do programa de medicina tradicional e medicina complementar (2007-2012) reconheceu as abordagens de outros modelos e práticas terapêuticas para o fortalecimento dos serviços de saúde.
“Temos aberto consultórios homeopáticos dentro dos hospitais Geral, Juárez e G. A. González (os três na Cidade do México), e temos obtido uma resposta excelente, pois unicamente no Hospital Geral do México, com somente dois médicos, oferecemos cerca de 5.000 consultas ao ano. Não há outro consultório com essa resposta”, salienta o Dr. Jose Noé Ibáñez, diretor do Hospital Homeopático Nacional, segundo o editorial Saúde e Medicina do mês de outubro.
A prescrição de medicamentos homeopáticos, interpretação de estudos laboratoriais, acompanhamento gestacional, consulta de especialidades, atenção de partos, vigilância do crescimento e desenvolvimento da criança saudável, cirurgias simples, atenção pós-natal estão entre os motivos principais das consultas homeopáticas, publicado na Gazeta Parlamentar no dia 24 de março de 2009.
“Dentro dos motivos que identificaram por que os pacientes procuram o atendimento médico homeopata, deve-se ao fato de ser uma alternativa médica, pelos seus conhecimentos, baixo custo e também por tradição familiar”, afirmou a Gazeta.
Nesse ano de 2013, o poder legislativo adequou a legislação sanitária para regular a emissão de receitas médicas homeopáticas.
A legislação sanitária do México depositou a responsabilidade da prescrição das receitas homeopáticas somente aos médicos homeopatas, garantindo assim que os pacientes fossem atendidos por profissionais habilitados e com a qualificação necessária.
“Temos atravessado grandes dificuldades para garantir o reconhecimento oficial dos médicos homeopatas, digo oficial porque a população já reconhece há mais de 100 anos, e a prova é o volume de pacientes que recorrem ao nosso hospital”, disse Vicente Landa Lechuga, Professor Titular da Escola Nacional de Medicina e Homeopatia, no dia 15 de julho de 2013 na Revista Homeopática.
O México é o primeiro país do mundo que conferiu à medicina homeopática o reconhecimento oficial, e até o momento são poucos os que contam com um hospital e uma escola que dependem do governo, aponta o Dr. Fernando Darío François-Flores.