Entenda as consequências da quebra do mercado de ações chinês

14/08/2015 10:41 Atualizado: 14/08/2015 10:41

Usando medidas extremas, o regime chinês finalmente conseguiu estabilizar o crash da bolsa que começou em meados de junho, fazendo com que os índices de Xangai e Shenzhen do mercado de ações caíssem mais de 30% em três semanas.

Muitos investidores chineses começaram a mostrar sinais de alívio, expressando até mesmo gratidão ao governo por “salvar” o mercado de ações e seus investimentos. Entretanto, o episódio tem um significado muito diferente para governos e investidores estrangeiros.

O ocorrido revela que o mercado de ações chinês ainda está em um estágio muito precoce, e que a inclinação das autoridades da China para exercer controle sobre o mesmo é extremamente forte. Muitos analistas e meios de comunicação internacionais estão começando a lançar dúvidas sobre a direção futura das reformas econômicas e financeiras da China.

Nos últimos anos, a China tem feito grandes esforços para liberalizar seu mercado de ações. Medidas de reforma foram implementadas, tais como a introdução gradual do Renminbi Qualified Foreign Institutional Investors (RQFII) que irá participar do mercado por ações tipo A, e o lançamento do Shanghai-Hong Kong Stock Connect em novembro do ano passado, que permite aos investidores de cada mercado comercializar ações no outro mercado.

A China nunca negou sua aspiração de transformar Xangai em um centro financeiro regional ou mesmo internacional.

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No entanto, o colapso do mercado de ações e as respostas drásticas do regime – que incluem banir quaisquer novos IPOs, proibir que os principais acionistas vendam suas ações dentro de um período de 6 meses, e permitir que as empresas listadas suspendam a negociação sem quaisquer válidas razões – tem, sem dúvida, danificado a confiança dos investidores internacionais.

Ao contrário dos mercados acionários mais maduros, o mercado de ações chinês é dominado por pequenos investidores que têm pouco conhecimento e experiência em investimentos.

O aumento da participação de investidores institucionais, especialmente do Ocidente, será um passo importante para o crescimento e desenvolvimento do mercado. O ritmo dessas reformas será definitivamente paralisado caso a bolha do mercado de ações de fato estoure.

Outro importante objetivo financeiro da China é a internacionalização do yuan. De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a abertura de sua conta de capital pode ajudar Pequim a cumprir com os critérios do FMI para se juntar às moedas de Direitos de Saque Especiais, que iria aumentar consideravelmente a popularidade e o status do yuan.

Mais uma vez, uma possível consequência da turbulência no mercado de ações é que a chance da China ter sucesso nessa empreitada pode ser comprometida.

Quais lições as autoridades chinesas têm aprendido e em que direção elas irão seguir, será o foco da atenção internacional daqui para frente.