Enorme barragem é parte do sistema de gestão de água dos Maias

29/07/2012 09:00 Atualizado: 06/08/2013 18:37

Esta é uma visão de um canal construído pelos maias. (Universidade de Cincinnati)Os maias da América Central sobreviveram secas periódicas por quase dois milênios com paisagismo e engenharia complexos, incluindo a maior barragem antiga na área de Tikal, na Guatemala.

Um novo estudo descobriu que o ambiente construído pelos maias era integrado a um sistema de armazenamento de água, ligando pavimentos e pirâmides em centros urbanos a reservatórios elevados nas proximidades.

A equipe de pesquisa quis explicar como cerca de 80 mil maias viveram em Tikal ao lado de uma população estimada de 5 milhões nas terras baixas por volta de 700 d.C.

“Esse número é muito maior do que o suportado pelo atual ambiente”, explicou o coautor Vernon Scarborough da Universidade de Cincinatti, num comunicado de imprensa. “Então, eles conseguiram sustentar uma sociedade populosa e altamente complexa por mais de 1.500 anos numa ecologia tropical.”

“Suas necessidades de recursos eram grandes, mas eles usaram apenas ferramentas e tecnologia da idade da pedra para desenvolver um sistema sofisticado de gestão de longa duração para prosperarem.”

A barragem de gravidade tinha mais de 80 metros de comprimento, cerca de 10 metros de altura e comportava cerca de 75 milhões de litros de água. Nomeada de Barragem Palaciana, ela foi construída para armazenar a água coletada de superfícies impermeáveis da área central de Tikal.

Essas são pedras superficiais da barragem. O que pode ter sido uma calha está delineado em vermelho e agora está obstruído por detritos. (Universidade de Cincinnati)“Nós também chamamos a Barragem Palaciana de Tikal de Barragem Pavimentada, pois o topo da estrutura servia como uma estrada que ligava uma parte da cidade a outra”, disse Scarborough. “Por muito tempo, considerou-se primeiro que fosse uma calçada, que os turistas que visitam o local ainda usam hoje.”

“No entanto, nossa pesquisa mostra agora isso tinha dupla função e foi usado como um importante reservatório da barragem, bem como uma ponte.”

Os maias também filtravam a água através de leitos de areia de quartzo antes de sua entrada nos reservatórios e usavam um “vertedouro” para lidar com a cheia sazonal e a liberação de água.

Este antigo sistema pode até ser relevante para nossa crise de água nos dias atuais.

“A alocação e potabilidade eram preocupações de desenvolvimento desde o início da colonização”, observou Scarborough. “Talvez o passado possa fundamentalmente informar o presente, se nós pudermos ser inteligentes também.”

Os resultados foram apresentados na revista ‘Proceedings of the National Academy of Sciences’ em 16 de julho.