A ênfase exagerada na auto-estima

02/12/2014 00:00 Atualizado: 03/12/2014 00:11

Parece que todo mundo quer melhorar a qualidade de sua vida. Mas, infelizmente, há aqueles que investem tempo, esforço e dinheiro em auto-aperfeiçoamento e falham.

Há aqueles que fazem dieta e recuperam o peso que perderam, além de, às vezes, ganharem alguns quilos a mais. Há também aqueles pessimistas,temerosos, sempre preocupados, que tentam pensar positivo, até que o pânico os ataca novamente.

Milhares de pessoas frequentam clubes ou academias e depois saem. Outros compram máquinas de exercícios caras e acabam escondendo-os em armários, longe da vista, longe do coração. A maioria dessas pessoas pensa que tem baixa auto-estima.

A preocupação com a auto-estima é uma obsessão e impulsiona uma indústria multimilionária. Programas de TV exaltam as virtudes da boa auto-estima, e os livros e os vídeos que lidam com a auto-estima são publicados aos montes a cada ano. Escolas investem muitas horas doutrinando crianças para sentirem-se bem consigo mesmas.

O moderno sistema de auto-estima positiva tem seu lado obscuro. Influenciados por essa apologia de se manter auto-estima sempre em alta, alguns educadores rejeitam indicadores e parâmetros, alegando que notas baixas fazem os alunos se sentirem “mal sobre si mesmos”. No entanto, a eliminação das provas e testes rouba dos estudantes aspectos importantes de seu progresso. Como todo jogador jovem em qualquer esporte sabe, manter o controle sobre sua média de acertos é essencial.

Quando eu era estudante, o meu pai ensinou-me a lembrar das respostas às perguntas que eu tinha errado. Ele dizia que eu lembraria delas muito tempo depois de haver esquecido o que eu estudei.

A maioria dos estudantes de hoje parece não saber dessa estratégia. Quando perguntei a um jovem que tirou sete em um teste que valia dez pontos “Será que você se recorda das respostas para as outras questões que errou?”, ele respondeu: “Para quê? Eu já atingi minha média”.

Simbolismo versus realidade

O movimento atual ligado à auto-estima inclina-se para o domínio do simbolismo sobre a realidade, o que se vê em banners, prêmios, diplomas, estrelas douradas e adesivos. Essa obsessão com a auto-estima é difícil de rejeitar, uma vez que tudo parece tão inofensivo…

O que poderia estar errado com ajudar as pessoas a se sentirem bem consigo mesmas?… Muitas coisas, na verdade.

Se os alunos levarem a auto-estima muito a sério, podem ficar mal-preparados para um ambiente de negócios competitivo. Novos funcionários desanimados culpam o sistema, as pressões do trabalho, ou a chefia por sentirem-se angustiados.

Depois de anos entregando folhas de provas e à espera de suas médias, os alunos esperam um retorno similar de seu gerente. No local de trabalho, o retorno é inconsistente, na melhor das hipóteses, exceto durante as desconfortáveis avaliações de desempenho.

Quando recebem um retorno sobre o desempenho de seu trabalho, muitos funcionários jovens reagem como se fosse um ataque pessoal. Isso não ajuda a que melhorem significativamente o seu desempenho.

Defensoress da auto-estima como o núcleo de motivação dos indivíduos gostariam que nós acreditássemos que esse sistema focado na auto-estima é uma ciência. Mas não é.

Esse autocentramento não pode enriquecer a sua vida. São ações e não intenções que produzem resultados novos ou diferentes. Como um filósofo afirmou: “Saber e não fazer, é não saber nada”.

Aqui está a primeira de uma série de medidas de ação para colocar a auto-estima em sua devida perspectiva.

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Dica – Ação

Caso te ocorra um ataque de pânico, você deve se perguntar: “O que eu estou dizendo a mim mesmo (sobre mim) agora?”

Aqui estão alguns exemplos de frases de prejudiciais e suas alternativas:

• Minhas costas estão me matando! Alternativa: Minhas costas estão doloridas.
• Eu estou estressado! Alternativa: Minha programação é exigente …
• Eu estou com raiva. Alternativa: Estou ficando aborrecido.
• Eu não consigo pensar direito. Alternativa: Minhas reações estão nublando meu pensamento.
• Eu tenho que ter sucesso. Alternativa: Eu posso ter sucesso, mas não preciso.
• Eu não posso fazer isso! Alternativa: Estou com dificuldades para fazer isso.

Por enfatizar fortemente a condição negativa ou exagerá-la em sua fala, você coloca obstáculos a si mesmo. É possível reduzir significativamente o estresse ao aceitar a responsabilidade total pela escolha de suas reações emocionais.

Por favor, não deixe que a aparência simples dessa ideia o engane. Aquilo que parece simples pode não ser fácil. O que, às vezes, parece ser fácil de fazer, pode não ser fácil, na realidade.

Siga esta abordagem durante uma semana e pondere o resultado das coisas .

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Dave Mather é especialista em Melhoria de Desempenho na Dale Carnegie Business Group, em Toronto. Suas colunas podem ser lidas em inglês em ept.ms/dave-mather