O país tem atualmente seis usinas nucleares em funcionamento, 12 em construção e outras 28 já foram aprovadas. A localização das usinas e seu difuso sistema de monitoramento são motivos de preocupação
O desastre na usina nuclear de Fukushima provocou temores de catástrofes nucleares na China, onde as pessoas estão cada vez mais expressando sua preocupação com os novos projetos de energia nuclear e seu sistema de monitoramento pouco claro.
Embora em 16 de março Pequim tenha anunciado uma proibição temporária sobre a aprovação de novos projetos de energia nuclear, em geral, acredita-se que manterá sua busca agressiva pela mesma.
A China tem atualmente seis usinas nucleares em funcionamento, 12 em construção e outras 28 já foram aprovadas. A maioria destes locais estão localizados nas províncias costeiras do leste.
Entre os sítios mais polêmicos está a usina da Baía de Daya, cerca de 30 quilômetros ao norte de Hong Kong. Quando a construção começou em 1987, um ano depois do desastre de Chernobyl, mais de um milhão de residentes de Hong Kong, 20% da população, assinaram uma petição contra a usina.
Hong Kong continua sendo cauteloso. Em maio do ano passado, meios de comunicação chinesa informaram um vazamento de radiação três semanas após o fato, Hong Kong entrou em pânico e indignação pela falta de transparência e segurança.
Em 20 de março, ativistas de Hong Kong saíram às ruas para exigir o fim das construções das usinas nucleares na região, e pediram as autoridades de Hong Kong que deixassem de comprar energia elétrica da usina da Baía de Daya.
Os bloggers da China continental pediram para unir esforços para resistir aos projetos de energia nuclear, alguns blogs recebem várias páginas de comentários de apoio.
“Xinjiang é um lugar muito ruim para uma usina nuclear”, escreveu Dustinbai no Fobshanghai.com sobre um projeto de construção em sua cidade natal na província de Henan. “Se [os dois principais] reservatórios forem contaminados, como as pessoas locais poderão viver lá?… Isto é sacrificar totalmente o bem-estar do povo por ganância!”
“Eu quero que a economia da minha cidade natal se desenvolva rápido, mas não à custa do meio ambiente e da segurança humana”, disse outro blogger a respeito de um local previsto na província de Hubei.
Alguns especialistas da indústria também expressaram sua preocupação sobre a capacidade da China e o compromisso de garantir a segurança. O maior problema é a ausência de legislação pertinente.
O periódico 21 Century Business Herald relatou que em 1984 a China iniciou o desenvolvimento de uma Lei de Energia Atómica, que nunca foi concluída devido a divergências entre as facções envolvidas. Segundo o relatório, sem uma lei básica é difícil atribuir responsabilidades aos organismos específicos, o que prejudica a eficácia de todo o sistema.
Preocupações também surgem na parte tecnológica. As plantas de energia nuclear existentes na China usam tecnologias semelhantes à usina de Fukushima, que depende de eletricidade para resfriar o reator nuclear. A vulnerabilidade à falta de energia é o principal defeito destes sistemas.
Para resolver este problema, a China está adotando a tecnologia AP1000 desenvolvida pela Westinghouse Electric, que tem a capacidade de realizar o desligamento sem um operador e sem a necessidade de corrente alternada (CA) ou bombas auxiliares. Mas esta tecnologia tem falhado em vários testes, de acordo com o periódico Southern Metropolis Weekly de Guangzhou.
Além das questões jurídicas e técnicas, a corrupção nos organismos de monitoramento ambiental da China também prejudica a confiança do público na capacidade das autoridades em controlar a segurança nuclear.
Em seu blog de 18 de março, o economista He Qinglian cita a mídia estatal Outlook Weekly que “a indústria de monitoramento ambiental tornou-se uma nova área de intensa corrupção”.
“Para um país que nem sequer pode controlar a qualidade do leite em pó, é difícil acreditar que as usinas nucleares são indestrutíveis”, diz um artigo citado amplamente, segundo o Oriental Daily.