Encontro da APEC termina, chineses voltam à vida ‘normal’

14/11/2014 18:02 Atualizado: 14/11/2014 18:02

A longa semana de reuniões da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC) em Pequim encerrou na quarta-feira (12) e a poluição, os engarrafamentos, o aquecimento e os peticionários detidos começaram a retornar.

O sinal mais significativo do fim da APEC foi a liberação dos peticionários detidos antes e durante o evento, segundo o website da Human Rights Campaign in China (HRCC).

De acordo com a HRCC, um grande número de peticionários que exigia a atenção do Estado sobre suas queixas foi detido ilegalmente em Pequim sob a política de “manutenção da estabilidade social”. Ao retirar os peticionários das ruas, as autoridades de Pequim queriam evitar potenciais problemas, assim como más relações públicas quanto à visibilidade de pessoas desesperadas em busca de ajuda.

Entre os libertados na quarta-feira estava Chen Yongcheng, um cego que diz ter sido detido por 21 dias ilegalmente. Chen, originário de Shanghai, disse à HRCC que ele foi a Pequim antes da 4ª Plenária do Partido Comunista Chinês no final de outubro para buscar subsídios devidos a ele há muito tempo por ser deficiente. Chen foi escoltado de volta a Shanghai e detido em 23 de outubro numa ‘prisão negra’ – como é chamada na China uma forma de detenção que não consta no sistema legal do país embora seja amplamente usada pelas autoridades para deter peticionários.

Chen apelou pela primeira vez em 2002 pelas prestações devidas a ele, após receber uma certificação de incapacidade mas não conseguir receber o benefício das autoridades locais. Desde então, ele diz que foi ilegalmente detido pela polícia mais de doze vezes para impedi-lo de apresentar suas queixas.

Outros mais de 50 peticionários foram detidos num centro de detenção ilegal na vila de Kaibo, em Shanghai, na quarta-feira, diz o relatório.

Uma série de restrições que causou grande transtorno na vida cotidiana dos moradores de Pequim e nas regiões próximas também terminou como o encerramento da APEC.

Muitos lugares em Pequim, onde o aquecimento foi desligado na tentativa de reduzir a poluição, tiveram o sistema reativado quando a temperatura em Pequim baixou ainda mais.

Por exemplo, a Universidade Florestal de Pequim publicou um aviso na plataforma de microblog Weibo na quarta-feira dizendo que a escola começaria a fornecer aquecimento em 13 de novembro. Um estudante e internauta comentou: “Congratulações à irmã friorenta no dormitório No. 5! Finalmente a temperatura do ambiente poderá ir acima dos 12 graus Celsius.”

O precioso “Azul APEC”, uma expressão criada pelos moradores de Pequim para descrever o raríssimo céu azul visto durante o encontro da APEC, pode não durar muito, pois muitas fábricas desativadas durante a APEC retomarão suas operações em breve.

A maioria das fábricas de aço na província de Hebei, vizinha de Pequim, retomarão a produção nos próximos dias, segundo a Securities Network China na quarta-feira. Fábricas de aço, carvão, cimento e vidro em Hebei foram obrigadas a parar a produção antes da APEC.

As horas de engarrafamentos em Pequim também retornarão à medida que a proibição de placas pares ou ímpares em dias alternados terminar em 13 de novembro, o que permitirá que milhões de carros a mais compitam pelo espaço nas ruas da cidade. Para aliviar o tráfego e a poluição do ar, Pequim emitiu regras de restrição de placas entre 3 e 12 de novembro.

Muitos moradores de Pequim expressaram sua preocupação de que a poluição do ar voltará logo após a APEC. “Adeus APEC, mas eu não quero dizer adeus ao ‘Azul APEC’”, escreveu um pequinês.