Os maiores bancos da China registraram um aumento nos empréstimos inadimplentes ou podres no primeiro semestre do ano, enquanto a desaceleração econômica da China se assevera e pesa sobre os credores. De acordo com dados da Comissão Regulatória dos Bancos da China (CRBC), os empréstimos podres no sistema bancário do país cresceram de 102,3 bilhões de yuanes (US$ 16,6 bilhões) no primeiro semestre deste ano para 694,4 bilhões de yuanes (US$ 113,1 bilhões), superando os 99,2 bilhões de yuanes de aumento correspondente a todo o ano passado.
Os quatro maiores bancos estatais – Banco da China, Banco Agrícola da China, Banco Industrial e Comercial da China e Banco das Comunicações – contribuíram para cerca de metade do lucro líquido total do setor bancário da China.
Um relatório publicado no China Times em 30 de agosto disse que empréstimos inadimplentes nestes quatro bancos cresceram em 38,72 bilhões de yuanes no final de junho. Entre eles, o Banco das Comunicações registrou um aumento de empréstimos podres de 4,44 bilhões de yuanes desde janeiro. Sua relação de empréstimos ruins subiu para 1,13% no final de junho, em comparação com 1,05% no final de 2013, empurrando-o acima do nível industrial médio de 1,08% reportado pela CRBC.
Posteriormente, o Banco da China, o Banco Agrícola da China e o Banco Industrial e Comercial da China publicaram que seus empréstimos inadimplentes aumentaram 12,58 bilhões, 9,69 bilhões e 12,05 bilhões de yuanes, respectivamente, no primeiro semestre de 2014.
Yi Huiman, o presidente do Banco Industrial e Comercial da China (ICBC) informou que o banco amortizou 12,7 bilhões de yuanes em empréstimos podres, quase o dobro dos 6,5 bilhões de yuanes do ano anterior, e o banco também vendeu 4 bilhões de yuanes em empréstimos ruins no primeiro semestre.
Tian Jimin, um oficial de controle de riscos no Banco Agrícola, disse numa entrevista que o banco amortizou 6,9 bilhões de yuanes em empréstimos podres e vendeu um adicional de 8,3 bilhões de yuanes para entidades como empresas de gestão de ativos. Essa amortização foi mais que o dobro dos 3,34 bilhões de yuanes do ano anterior.
De acordo com o Wall Street Journal, o Banco das Comunicações disse que amortizou um total de 4,04 bilhões de yuanes em empréstimos ruins nos primeiros seis meses do ano.
No geral, os cinco maiores bancos estatais da China amortizaram e transferiram para fora de seus livros um total de 46,91 bilhões de yuanes em empréstimos podres no primeiro semestre, segundo cálculos do Wall Street Journal. Isso é mais que o dobro dos 22,07 bilhões de yuanes do ano anterior e representa um esforço para limpar seus livros em meio às perspectivas de mais empréstimos inadimplentes a caminho.
Devido ao aumento dos empréstimos ruins, os bancos têm procurado aumentar sua taxa de adequação de capital por meio da emissão de ações preferenciais. Na quinta-feira, Jiang Jianqing, o presidente do ICBC, disse em coletiva de imprensa que o banco pode emitir até 35 bilhões de yuanes (US$ 5,7 bilhões) em ações preferenciais no exterior durante o ano. O banco mencionou anteriormente planos para emitir até 80 bilhões de yuanes em ações preferenciais, divididas em lotes nacionais e offshore.
O Banco Agrícola da China ganhou aprovação da CRBC para emitir 800 milhões de ações preferenciais no valor de até 80 bilhões de yuanes, enquanto o Banco da China recebeu aprovação para emitir 600 milhões de ações preferenciais nacionais no valor de até 60 bilhões de yuanes, bem como ações preferenciais offshore no valor de US$ 6,5 bilhões, informou o banco em publicações no website da Bolsa de Valores de Hong Kong na quinta à noite.
Os bancos disseram que o aumento dos empréstimos ruins vem de setores do aço, manufatura em geral e de pequenas empresas, que foram os mais atingidos pela desaceleração econômica da China. De acordo com Xu Wenbing, um analista sênior do Banco das Comunicações, estes continuarão a compor a maioria dos empréstimos podres, e ele prevê que a taxa desses empréstimos na China aumentará para algo entre 1,14% e 1,19% até o final deste ano.
Outros especialistas ecoaram a opinião de Xu e esperam a emergência contínua de empréstimos podres. Entre eles, Liao Qiang, um analista bancário da Standard & Poor (S&P), expressou sua preocupação: “A qualidade dos ativos dos bancos chineses continua sob pressão e ainda não vimos quando essa situação atingirá o fundo… É muito provável que a deterioração acelere no futuro.”