Empresas chinesas apavoradas com práticas internacionais de responsabilidade social

14/09/2014 10:30 Atualizado: 14/09/2014 10:30

Cada vez mais empresas chinesas fazem investimentos no exterior e se complicam e apavoram em ter de lidar com práticas de responsabilidade social.

Empresas ocidentais em geral veem a responsabilidade social como um elemento essencial para o desenvolvimento empresarial sustentável. Mas quando empresas chinesas expandem para o estrangeiro, a questão de lidar com a responsabilidade social se torna um obstáculo e um fator que pesa e até arruína seus negócios, segundo um artigo do ChinaDialogue.

O dr. Liu Kaiming, diretor-executivo do Institute of Contemporary Observation (ICO), um grupo civil de reflexão baseado em Shenzhen e empenhado em defender os direitos trabalhistas e promover a justiça social, disse que as empresas chinesas estão muito acostumadas a lidar exclusivamente com o governo.

“As empresas chinesas na África e América Latina ainda operam sob o pensamento de que apenas o governo importa, o que resulta na formação de relações problemáticas com as comunidades locais”, disse Liu. “Elas não são boas em se comunicar com os habitantes locais para criar postos de trabalho e um ambiente profissional saudável. E não fazem o suficiente para proteger o meio ambiente local. Porque as empresas chinesas não têm uma compreensão básica da responsabilidade social e são incapazes de lidar com os sindicatos ou se comunicar com os locais, muitos problemas emergem desse contexto.”

Em 2012, as organizações locais de proteção ambiental, povos indígenas e nativos e grupos femininos atacaram a embaixada chinesa no Equador. Logo depois, uma série de manifestações antimineração irrompeu em todo o país. Tudo isso foi resultado de uma empresa chinesa que se preparava para desenvolver a maior mina de cobre a céu aberto de todos os tempos no Equador. Como o governo equatoriano apoiou o desenvolvimento, a empresa chinesa ignorou as vozes das organizações civis, dos grupos de proteção ambiental e as opiniões dos locais.

O que empresas chinesas ainda não entendem é que “em muitos países em desenvolvimento a voz do povo é muito importante”, disse o artigo do ChinaDialogue.

Na verdade, quando as pessoas locais ou as ONGs tentam conversar com as empresas chinesas ou resolver os problemas entre eles, as empresas chinesas relutam em se comunicar ou responder. A maioria das empresas chinesas vê as ONGs como grupos similares a organizações antigovernamentais ou mesmo como forças anti-China, referindo-se a eles como “lacaios” ou “aduladores”.

As empresas chinesas no exterior, “por um lado, poluem o meio ambiente e, por outro, plantam árvores para inglês ver”, disse o artigo. “Elas são terríveis para seus empregados mas generosas com os governos [estrangeiros]… Essas empresas chinesas confundem a comercialização de sua empresa com a comunicação com os moradores. Elas também tratam os meios de comunicação como ferramentas subservientes de seus empreendimentos.”